
Pedro Sánchez
Chema Moya/EPA
Espanha e Noruega vão reconhecer a Palestina como Estado na próxima terça-feira, dia 28 de maio. Irlanda também anunciou reconhecimento, mas sem adiantar data em concreto.
Espanha reconhecerá a Palestina como Estado na próxima terça-feira, dia 28 de maio, com uma resolução do Conselho de Ministros, anunciou o líder do Governo de Madrid, Pedro Sánchez, esta quarta-feira.
A Noruega, que não é membro da União Europeia, também irá reconhecer o Estado da Palestina a 28 de maio. O chefe do executivo de Oslo, Jonas Gahr Støre, referindo-se diretamente ao atual conflito disse que "o terror foi cometido pelo Hamas e por grupos armados que não são apoiantes de uma solução de dois Estados e do Estado de Israel".
A Irlanda anunciou igualmente, esta quarta-feira, que vai reconhecer um Estado palestiniano, sem adiantar uma data em concreto. "Hoje, a Irlanda, a Noruega e a Espanha anunciam que reconhecem o Estado da Palestina", afirmou o primeiro-ministro Simon Harris . "Este é um dia histórico e importante para a Irlanda e para a Palestina".
Em Portugal, o parlamento aprovou por larga maioria, a 11 de janeiro, uma recomendação ao Governo para que venha a reconhecer o Estado da Palestina, "em estreita articulação com parceiros próximos no âmbito da União Europeia". No passado dia 14 de maio, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, disse que o Governo português está ainda "em consultas", quando questionado sobre a possibilidade e o momento de Portugal reconhecer o Estado palestiniano.
"Prémio para o terrorismo"
Israel anunciou imediatamente que ia chamar os embaixadores dos respetivos países europeus para "consultas urgentes".
"Hoje, estou a enviar uma mensagem clara à Irlanda e à Noruega: Israel não vai passar por isto em silêncio", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, em comunicado, acrescentando que tencionava fazer o mesmo com o embaixador espanhol.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita já tinha publicado uma mensagem de vídeo dirigida à Irlanda na plataforma social X, avisando que "o reconhecimento de um Estado palestiniano corre o risco de se transformar num joguete nas mãos do Irão e do Hamas", acrescentando que a medida "apenas alimentaria o extremismo e a instabilidade".
Israel afirmou que os planos de reconhecimento da Palestina constituem um "prémio para o terrorismo" que reduziria as hipóteses de uma solução negociada para a guerra em Gaza, que começou a 7 de outubro, quando militantes do Hamas invadiram o sul de Israel.
Por sua vez, o presidente da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), Mahmoud Abbas, congratulou-se com o reconhecimento do Estado palestiniano por Espanha, Irlanda e Noruega. A decisão contribui para a "consagração do direito do povo palestiniano à autodeterminação na sua terra e para a adoção de medidas reais de apoio à implementação da solução de dois Estados", disse a presidência da ANP num comunicado.
O grupo extremista palestiniano Hamas atribuiu a decisão à "resistência corajosa" do povo palestiniano. "Estes reconhecimentos sucessivos são o resultado direto desta resistência corajosa e da perseverança histórica do povo palestiniano", disse Bassem Naim, membro do gabinete político do Hamas à agência francesa AFP. "Acreditamos que se trata de um ponto de viragem na posição internacional sobre a questão palestiniana", disse Naim, numa primeira reação do Hamas à decisão dos três países europeus.
Num comunicado que divulgou posteriormente, o Hamas afirmou que o reconhecimento é uma decisão importante para os palestinianos. "Consideramos que se trata de um passo importante para a afirmação do nosso direito à terra e para a criação de um Estado palestiniano com Jerusalém como capital", disse o Hamas. O grupo apelou "aos países de todo o mundo para que reconheçam" os "legítimos direitos nacionais" dos palestinianos.
Essencial para paz duradoura
Nas últimas semanas, vários países da União Europeia indicaram que tencionam proceder ao reconhecimento, argumentando que uma solução de dois Estados (Palestina e Israel) é essencial para uma paz duradoura na região.
Os primeiros-ministros de quatro países da União Europeia (da Irlanda, Eslovénia e Malta) divulgaram uma declaração, em março, a comprometer-se com o reconhecimento do Estado da Palestina.
Em abril, Sánchez fez um périplo europeu para tentar levar mais países a reconhecer a Palestina que incluiu também a Bélgica e um Estado que não faz parte da União Europeia (UE), a Noruega.
Dentro da UE, nove Estados-membros reconhecem já a Palestina: Bulgária, Chipre, República Checa, Hungria, Malta, Polónia, Roménia e Eslováquia deram o passo em 1988, antes de aderirem ao bloco europeu, enquanto a Suécia o fez sozinha em 2014, cumprindo uma promessa eleitoral dos sociais-democratas então no poder.
Nas Nações Unidas, já reconheceram unilateralmente o Estado da Palestina cerca de 137 dos 193 membros da organização, de acordo com a Autoridade Palestiniana.
