Cultura

Matias Damásio faz homenagem à avó e ao universo feminino em disco

Filipe Amorim / Global Imagens

Ao quinto álbum de originais, o cantor e compositor angolano Matias Damásio decidiu homenagear a avó. "Augusta" é um disco que a celebra como uma das figuras mais importantes da sua vida, que lhe ensinou o valor do abraço e da partilha.

"Muito do que respiro e do que falo nas minhas canções tem a ver com as coisas que aprendi com a minha avó Augusta. Hoje sinto uma profunda saudade dos sabores e dos cheiros da minha infância. Da comida cozinhada a lenha numa panela de barro. Dos abraços da minha avó. Da forma como ela incutiu em mim a ideia da partilha", revela ao JN.

No dia 24, o disco é apresentado ao vivo no Altice Arena, Lisboa, naquele que será o maior concerto de sempre na carreira do artista. Dos tempos do Bairro da Lixeira, em Benguela, onde passou a infância e juventude, Matias Damásio não tem apenas recordações difíceis. É um passado de que fala com orgulho.

Ficou no bairro e isso também fez dele um artista conceituado e com músicas cujos vídeos alcançam os tops de visualizações. "Eu considero-me um romântico e isto também faz parte da essência deste disco, que "dedicado ao ser mais bonito que Deus criou: a mulher. Por isso é muito importante para mim homenagear uma das que mais me marcaram, a minha avó Augusta. Foi com ela que aprendi muito do que sou hoje", diz Matias Damásio.

O álbum conta com três participações especiais: a portuguesa Aurea, a angolana Perla e a brasileira Claudia Leitte.

Música em vez de álcool

O cantor transpôs os ensinamentos da infância para a sua vida. Como quando decidiu vender o carro "com zero quilómetros", que venceu num concurso de música aos 17 anos e cujo dinheiro se destinou a ajudar a família.

"Nós éramos muito pobres. Não havia rádio nem televisão em casa. Em contrapartida, o bairro estava cheio de pequenos bares abertos 24 horas por dia, onde se vendia muito álcool, mas também onde se ouvia música todo o tempo. Tive essa sorte de me encantar pela música e não pelo álcool", conta. "Em 2005, gravo o primeiro CD, "Vitória", que, no fundo, é uma homenagem a todas as coisas boas que me foram acontecendo. Foi um sucesso de vendas. Finalmente, depois de muito sofrimento, de ter tocado na rua, o disco foi uma viragem na minha vida. Passei a poder comprar queijo e a ter uma garrafa de Coca-Cola só para mim. Isto sim é que eram os meus verdadeiros luxos".

Agora, adianta, está mais focado no concerto com que se estreará em nome próprio no Altice Arena.

"É o concretizar de um sonho. Vou ter a Marisa, a Aurea, a Pérola e a Vanessa Martín como convidadas. Será um espetáculo de duas horas onde, a par dos temas de "Augusta", vou cantar muitas das canções que marcaram estes meus 12 anos de carreira".

Ana Vitória