A oito meses das eleições legislativas e com cada vez mais pessoas ligadas às redes, líderes dos principais partidos portugueses marcam presença no Twitter. Exceção à regra são PCP e PAN.
Juntos somam mais de 150 mil seguidores no Twitter. À exceção de Jerónimo de Sousa (líder do PCP) e André Silva (PAN), todos os líderes dos partidos com assento parlamentar usam a rede social. Rui Rio foi o último a chegar e António Costa é o que tem mais seguidores. Apesar das diferenças de estilo, a possibilidade de chegar de forma mais direta aos portugueses é um objetivo comum.
"Dou hoje início ao meu Twitter Oficial. Nada melhor do que o Dia da Restauração para o fazer". Foi desta forma que, no dia 1 de dezembro, o líder do PSD estreou a sua conta. É o que tem menos seguidores entre os líderes partidários (2830 à data de ontem).
Por seu lado, são quase 80 mil a seguir o primeiro-ministro numa conta que faz parte de uma rede que junta os vários membros do XXI Governo.
Entre as publicações dos políticos nacionais, podem ver-se partilhas de notícias, fotografias de eventos políticos e algumas bicadas aos adversários políticos. "Desafiamos o Governo a avançar com investimentos em estradas, ferrovias e pontes em situação crítica", atirou Assunção Cristas, que conta com pouco menos de três mil seguidores.
Liberdade para escrever
A rede é uma arena digital que não segue regras e onde os líderes partidários têm liberdade para escrever.
Segundo o Bloco de Esquerda - cuja líder, Catarina Martins, tem 65,5 mil seguidores no Twitter - "os deputados têm presença própria em várias redes sociais".
"Nas contas do primeiro-ministro não há quaisquer condicionantes", garante a assessoria de António Costa, e o mesmo afirma o CDS: "São plataformas em que os dirigentes do partido usam livremente as contas".
O "diálogo direto" e a "possibilidade de escutar" estão entre as vantagens deste tipo de plataformas, assume o gabinete de António Costa. "A divulgação de informação de confiança e a promoção do debate" são os pontos fortes que o BE vê na rede. Na entrevista que deu este domingo à revista do JN, o próprio Rui Rio admitiu escolher esta ferramenta por poder passar ideias sem ser "deturpado".
Influência sem mediação
"Os partidos veem nestes canais a possibilidade de chegar aos cidadãos sem passar pelo processo de mediação dos média, explica, ao JN, Teresa Ruão, especialista em comunicação da Universidade do Minho. Além da instantaneidade, a investigadora destaca o imediatismo e a abrangência que a rede dá. "Conseguem chegar a um grande número de pessoas com poucos custos", diz.
Também Shannon McGregor, professora da Universidade do Utah, nos EUA, que acompanha o trabalho dos políticos norte-americanos nas redes sociais, destaca a forma como o Twitter pode ser usado para "transmitir mensagens diretas aos cidadãos, sem o processo de intermediação dos jornalistas". "O Twitter é utilizado como uma forma de influenciar a cobertura informativa", refere a investigadora.
Maiores que os partidos
António Costa e Catarina Martins são dois exemplos de políticos que têm mais seguidores nas redes sociais do que os partidos de que fazem parte. São mais 50 mil no caso de Costa, face ao PS, e cerca de 40 mil os que separam Martins e a conta esquerda.net.
Para Inês Amaral, professora da Universidade de Coimbra, isto decorre da "individualização dos políticos". "A lógica da utilização das redes por parte de políticos é a de figura pública com quem os públicos se identificam e interagem, o que credibiliza a mensagem", diz a especialista em comunicação. Para a investigadora, é mais uma forma dos partidos se adaptarem à "forma como os públicos interagem online".
António Costa, primeiro-ministro, PS
Fez 743 tweets em 2018. "Portugal", "Futuro" e "Europeia" foram as três palavras mais usadas. Publica sobretudo através do iPhone e ao fim de semana. #Portugal foi a hashtag mais comum nas publicações. Utilizou fotografias em 82% dos tweets e o desporto está entre os temas mais populares do primeiro-ministro.
Assunção Cristas, cds-pp
"Não", "Governo" e "CDS-PP" são as palavras mais usadas por Cristas ao longo dos 91 tweets que fez em 2018. É de madrugada que mais interage e faz mais publicações à quinta-feira.
Catarina Martins, BE
Domingo é o dia eleito para a maioria dos tweets. Fez 1305 em 2018, quase sempre através do iPhone. Gosta de publicar ao início da manhã e é entre as 18 e as 20 horas que mais interação tem com os seguidores. É muitas vezes mencionada nas publicações de Mariana Mortágua e Marisa Martins.#deb15, #lisboa, #oe2018 foram as hashtags que mais usou.
Rui Rio, PSD
Apesar de só no final do ano ter chegado à rede, ainda foi a tempo de publicar 69 tweets. Publicou quase sempre à segunda-feira. "Justiça" foi a palavra mais usada e #merkel a hashtag que mais vezes apareceu.
Heloísa Apolónia, PEV
É a que tem o tweet menos ativo entre os vários líderes parlamentares: apenas 15 durante 2018.
"Verdes" e "problema" foram as palavras mais usadas por Apolónia, que não utilizou qualquer hashtag durante o ano.