"A seam, a surface, a hinge or a knot" ("Uma costura, uma superfície, uma dobradiça ou um nó", em tradução livre), assim se intitula o projeto de Leonor Antunes, que irá representar Portugal na 58.ª edição da Exposição Internacional de Arte, que decorre de 11 de maio a 24 de novembro deste ano, em Veneza, Itália.
Concebido propositadamente para ocupar três salas do Palazzo Giustinian Lolin, onde estará instalado o Pavilhão de Portugal, a exposição tem pré-abertura marcada para 8 de maio.
"O título que escolhi para este meu projeto foi retirado de uma frase que a historiadora Briony Fer escreveu para a exposição que inaugurei, no ano passado, em Milão", revelou ontem a artista no decorrer de uma conferência de Imprensa.
Para o desenvolvimento deste seu projeto, Leonor Antunes pesquisou o trabalho de figuras importantes no contexto da arquitetura de Veneza, como Carlo Scarpa, Franco Albini e Franca Helg e, mais recentemente, Savina Masieri e Egle Trincanato, de forma a incorporar premissas dessa produção nas esculturas/instalação que irá desenvolver.
Leonor Antunes adiantou que quis "destacar o artesanato e objetos históricos de uma cidade (Veneza) que foi sendo invadida pelo turismo e perdendo a sua artesania".
"É esse saber fazer que queria reativar no projeto", afirmou, acrescentando que a partir do momento em que aceita trabalhar numa exposição, cria "uma relação de proximidade e de envolvimento com os sítios, de forma empática".
O comissário João Ribas lembrou que Leonor Antunes "está interessada em explorar de que forma as tradições artesanais de várias culturas se cruzam nesta história".
Ainda sem imagens concretas do resultado que pretende obter, a artista adiantou alguns pormenores avulsos, como o facto de o piso inferior do Palazzo Giustinian Lolin ser revestido por um pavimento em cortiça intercalado por duas esculturas que funcionam como telas. No piso nobre, haverá uma série de perfis de alumínio revestido, enquanto por todo o espaço irão surgir intrincadas esculturas fabricadas em diferentes materiais.
Esta foi a primeira vez que o representante português na Bienal de Arte foi escolhido por concurso, medida esta que irá ser continuada. De acordo com o diretor-geral das Artes, Américo Rodrigues, a representação oficial portuguesa em Veneza está orçada em meio milhão de euros, cerca de 200 mil suportados pelo Ministério da Cultura e o restante, precisou Leonor Antunes, proveniente das galerias de arte com as quais trabalha.