O oceanógrafo Robert Ballard, que se tornou conhecido pelas descobertas dos destroços do RMS Titanic, em 1985, do Couraçado Bismarck, em 1989 e dos destroços do USS Yorktown, em 1998, está a preparar uma expedição para encontrar respostas para um dos principais mistérios do século XX.
Amelia Earhart, a primeira mulher a voar sozinha sobre o Oceano Atlântico, queria também ser pioneira na volta ao Mundo de avião, mas os planos de circum-navegar a Terra pelo Equador chegaram ao fim quando sofreu um acidente aéreo que lhe custou a vida e a do seu acompanhante, o piloto Fred Noonan.
Várias teorias sobre o paradeiro da aeronave e dos dois aviadores surgiram ao longo dos anos. A mais ouvida é a de que o Lockheed Electra 10E caiu no Oceano Pacífico, mas também houve quem dissesse que tinha sido fuzilado pelos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial. Esta última hipótese, baseada numa fotografia descoberta no Arquivo Nacional dos Estados Unidos que mostrava Amelia sentada num porto de Jaluit, nas Ilhas Marshall, foi descartada depois de um especialista em História Militar ter demonstrado que a "polaroid" tirada fazia parte de um livro de viagens sobre o Pacífico, escrito em japonês e publicado a 10 de outubro de 1935, quase dois anos antes de Amelia desaparecer.
A terceira opção é também a mais privilegiada: Amelia e Fred terão alcançado a remota ilha de Nikumaroro, no sul do Pacífico, onde, em 1940, na sequência de uma expedição britânica, foram encontradas ossadas humanas. Nikumaroro considerava-se desabitada desde 1938, pelo que os restos mortais poderiam pertencer a algum dos pilotos.
Passado 81 anos, os destroços do avião nunca foram encontrados, nem pela Guarda Costeira, nem pela Marinha dos Estados Unidos, nem pelos marinheiros civis contratados pelo próprio marido de Amelia. É para desvendar o mistério do desaparecimento que o oceanógrafo norte-americano Robert Ballard entra em cena.
Acompanhado por um notável grupo de cientistas e técnicos, Ballard partirá a 7 de agosto a bordo do navio E / V Nautilus, desde a Samoa, na Oceânia, até Nikumaroro. A jornada ficará para a posteridade na forma de um documentário, intitulado "Amelia Earhart Expedition", a ser divulgado pelo canal da "National Geographic".
"Através de tecnologia de ponta e décadas de provas recolhidas sobre o desaparecimento, diria que temos uma boa oportunidade para reescrever a História resolvendo um dos maiores mistérios do nosso tempo", disse em conferência de imprensa Ballard, que localizou o navio RMS Titanic, o porta-aviões norte-americano USS Yorktown e o navio couraçado alemão Bismarck.
O Grupo Internacional para a Recuperação de Aeronaves Históricas (TIGHAR) é o principal defensor de que a aeronave se encontra algures naquela zona. Ao longo dos anos, a equipa enviou pelo menos 13 expedições, com as quais obteve diferentes amostras de ADN, que ainda hoje estão em análise. Richard Gillespie, diretor executivo do Grupo, especificou ao espanhol "La Vanguarda" a principal hipótese, da qual Ballard também é defensor.
"Amelia Earhart aterrou o avião no recife no extremo oeste da Ilha Gardner (agora Nikumaroro). Fez chamadas de emergência pelo rádio durante cinco dias antes de a maré alta e as ondas arrastarem o avião para o oceano, deixando Earhart e Noonan naufragados na ilha desabitada e sem água. Earhart sobreviveu por várias semanas, possivelmente meses, antes de morrer num acampamento no extremo sudeste da ilha. O seu esqueleto parcial foi descoberto em 1940, mas foi erroneamente identificado. O destino de Noonan é desconhecido", explicou.