Justiça

Velocidade excessiva provocou acidente com seis mortos

A velocidade excessiva esteve na origem do acidente trágico que provocou a morte de seis homens no IC1, em Palmela, em junho do ano passado, quando iam a caminho do trabalho, concluiu o inquérito do Ministério Público (MP).

A carrinha Mercedes Vito conduzida por João Carreira saiu de Setúbal na madrugada de quarta-feira, 22 de junho, rumo à refinaria de Sines, mas numa curva à esquerda no IC1, despistou-se e embateu frontalmente contra uma outra que seguia em sentido contrário. O choque deu-se numa altura em que chovia torrencialmente e foi de tal forma violento e repentino que os condutores das viaturas envolvidas não tiveram tempo para travar.

Felipe Gardim, William da Silva, Vítor Sousa, Luís Neves, Edson Pereira, todos residentes em Setúbal, e o condutor João Carreira, de Palmela, morreram no local. Nem a utilização dos cintos de segurança conseguiu evitar o pior.

Apenas um dos ocupantes sobreviveu, com ferimentos ligeiros. Luís Neves, irmão de Flávio, seguia ao lado do condutor e depois de ser assistido no hospital a escoriações recebeu alta. Relativamente à segunda viatura envolvida, o condutor, de nacionalidade espanhola, sofreu ferimentos graves e sobreviveu após dias de internamento no hospital de Setúbal.

O Ministério Público deu agora como terminado o inquérito ao acidente e atribuiu culpas ao condutor da viatura que entrou em despiste por seguir em excesso de velocidade numa altura em que chovia torrencialmente. De acordo com o despacho de arquivamento, momentos antes do embate, "João Carreira não terá ajustado a velocidade do veículo às condições atmosféricas, originando a perda de aderência e consequentemente a perda de controlo do veículo".

Considera ainda o MP "que a responsabilidade pelos factos descritos em sede de auto de notícia recai sobre João Carreira". Por ter falecido, não lhe foi imputada qualquer responsabilidade criminal e o caso foi arquivado.

Iam para a Refinaria de Sines

Cinco das seis vítimas mortais residiam em Setúbal, nos bairros da Camarinha e Bela Vista. Trabalhavam para João Carreira, morador no Pinhal Novo, Palmela, que tinha uma empresa de montagem de andaimes.

Todos os dias, saíam de Setúbal pelas seis horas da manhã para a refinaria de Sines e a Mercedes Vito de sete lugares era sempre conduzida pelo empresário.

Conforme foi possível apurar junto de outros trabalhadores da firma de João Carreira, era costume parar por mais que uma vez em determinados locais, entre Setúbal e Sines, para beber café antes da entrada ao trabalho, às nove horas. O choque deu-se pouco tempo depois de saírem de Setúbal, às 6.53 horas, em Águas de Moura, tinha a carrinha percorrido cerca de 30 quilómetros.

No local do acidente estiveram 48 operacionais com 21 viaturas, entre GNR, Bombeiros de Águas de Moura e Alcácer do Sal e VMER do Hospital de São Bernardo.

Faleceu no primeiro dia de trabalho

Edson Geiza tinha vindo há cerca de um mês para Portugal, onde encontrou trabalho na firma de João Carreira. Morreu no primeiro dia de trabalho.

O pior naquele troço do IC1

"Foi o acidente mais trágico de que há memória neste troço". Rui Laranjeira, comandante dos bombeiros de Águas de Moura, está habituado a acidentes graves no IC1, entre Setúbal e Alcácer. Não se recorda de um com tantos mortos.

Rogério Matos