Desporto

Guardiola não acredita ser o melhor treinador do mundo

Guardiola foi treinador do Barcelona de 2008 até 2012 JOAO SANTOS

Guardiola diz que nunca acreditou ser o melhor treinador do mundo e atribui o mérito do seu sucesso aos seus jogadores.

Pep Guardiola é um dos treinadores mais premiados da história do futebol. Apesar de todo o seu sucesso em três países diferentes, não acredita ser o melhor treinador do mundo.

"O que é ser o melhor treinador do mundo? Eu nunca senti ser o melhor, nunca na minha vida", afirmou o técnico, em resposta à "Sky Sports".

O treinador do Manchester City refere que mesmo quando ganhou seis títulos consecutivos no Barcelona nunca se sentiu como o melhor. Guardiola atribui o seu sucesso aos seus jogadores e aos grandes clubes por onde passou.

"Há treinadores incríveis, que não têm estes jogadores, nem treinam estes grandes clubes. Deem-me uma equipa que não seja como o Manchester City e eu não vencerei", acrescentou o espanhol.

O início no Barcelona

O seu primeiro grande projeto foi no Barcelona. Passou para a equipa principal depois de ter estado na equipa B, em 2007. Enquanto o técnico esteve em Espanha, o clube alcançou sempre, pelo menos, as meias-finais da Liga dos Campeões e venceu a Liga espanhola três vezes em quatro possíveis.

A sua primeira época na primeira equipa do Barcelona foi em 2008/2009. Os catalães conquistaram a Liga dos Campeões, o campeonato, a Taça de Espanha e o Mundial de Clubes.

Guardiola tinha ao seu dispor vários craques. Nomes como Dani Alves, Puyol, Xavi, Iniesta, Thierry Henry e Messi destacavam-se naquela equipa.

Apesar de ter jogadores com uma qualidade técnica acima da média, a forma de jogar da equipa causava muitas dificuldades aos adversários e era pouco usual na altura.

Em 2010/2011 o Barcelona foi uma das equipas mais dominantes da Europa: conquistou a Liga dos Campeões, o campeonato, a Supertaça e o Mundial de Clubes.

A base da equipa manteve-se, mas adições como Mascherano e David Villa trouxeram muita qualidade à equipa. Sergio Busquets, Piqué e Pedro, que já faziam parte do Barcelona, começaram a atingir um nível muito alto.

A mudança para a Alemanha

Depois de sair de Espanha, Guardiola aceitou o desafio de treinar o gigante alemão Bayern Munique. Esteve três anos no clube, e conquistou três campeonatos, duas Taça da Alemanha, e alcançou sempre as meias-finais da Liga dos Campeões.

Na primeira temporada a equipa tinha qualidade, mas Guardiola percebeu que necessitava de reforçar certos setores da equipa.

O Bayern já contava com craques como Phillip Lahm, Alaba, Ribery, Robben, Schweinsteiger, Mandzukic e Muller. Conquistaram três títulos, numa primeira temporada bem sucedida para o treinador.

Na segunda época as contratações permitiram à equipa dar um salto qualitativo. As aquisições de Bernat, Xabi Alonso e Lewandowski, para além de darem mais profundidade ao plantel, permitiram que Guardiola tivesse várias soluções mediante as dificuldades que os adversários colocassem.

Na Alemanha, o treinador manteve a sua filosofia de posse de bola. Aproveitou as qualidades dos extremos Robben e Ribery para desequilibrarem nas laterais e a capacidade de finalização de Lewandowski.

Na terceira e última época, a saída de Schweinsteiger foi colmatada com a contratação de Arturo Vidal. Douglas Costa trouxe velocidade e uma solução diferente, mais irreverente, ao plantel da equipa. A contratação de Coman, e a promoção de Kimmich, mostraram que o Bayern também estava preocupado com o futuro.

O desafio da Liga inglesa

Guardiola chegou a Inglaterra em 2016 com objetivo de levar o Manchester City à conquista da Liga dos Campeões e à hegemonia na Premier League.

Na primeira época (2016/2017) Guardiola não conquistou nenhum troféu e apenas chegou aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. O plantel que encontrou não se ajustava ao seu modelo de jogo, tendo várias lacunas.

Não via em Claudio Bravo ou Joe Hart uma solução fiável para a posição de guarda-redes. Os defesas laterais Sagna, Zabaleta e Clichy não se ajustavam à filosofia de Guardiola pela sua incapacidade, devido à idade, de subir no terreno e oferecer apoio ofensivo.

No meio campo a contratação de Gundogan trouxe mais uma solução de qualidade, num setor já contava com craques como De Bruyne, David Silva, Fernandinho e Yaya Touré.

No ataque, Agüero era a referência da equipa e Sterling começava a ter boas prestações. Nasri e Navas não eram soluções fiáveis para Guardiola, enquanto Sané e Gabriel Jesus ainda precisavam de mais experiência com o treinador.

Na segunda temporada (2017/2018) o Manchester City contratou jogadores que se ajustavam ao perfil de Guardiola e os resultados surgiram: foram campeões nacionais e venceram a Taça da Liga Inglesa.

Ederson foi contratado ao Benfica - permitiu a Guardiola ter um guarda-redes com qualidade de passe e assim poder começar a construir uma jogada desde trás.

Os defesas laterais Mendy e Walker deram à equipa profundidade e qualidade ofensiva. Laporte melhorou o nível defensivo do plantel e também contribuiu para o processo criativo da equipa pela qualidade de passe.

Bernardo Silva foi contratado para o ataque e rapidamente mostrou ser uma das figuras ofensivas. Inteligente com bola, forte no trabalho defensivo e uma capacidade criativa acima da média, são características que Guardiola sempre apreciou.

Sané e Sterling também começaram a melhorar a nível exibicional. O primeiro passou de nove golos e oito assistências em 16/17, para 14 golos e 19 assistências.

Sterling já vinha de uma boa época em 16/17 com 10 golos e 20 assistências, mas melhorou muitos aspetos do seu jogo graças ao trabalho de Guardiola, e acabou por marcar 23 golos e fazer 17 assistências.

Gabriel Jesus, apesar de estar sempre na sombra de Agüero, começou a ter mais tempo de jogo e a melhorar com Guardiola. Passou de sete golos e cinco assistências em 16/17, para 17 golos e cinco assistências.

Na terceira época (2018/2019) a principal contratação foi a de Riyah Mahrez. Apesar de não ser um titular absoluto, contribuiu com 12 golos e 12 assistências.

O Manchester City conquistou o campeonato, a Taça de Inglaterra, a Taça da Liga Inglesa e a Supertaça nessa temporada.

Influência dos jogadores, mas mérito do treinador

Por onde passou, Guardiola sempre teve grandes craques, jogadores adequados ao seu modelo de jogo. Mas o mérito das suas conquistas não reside apenas na qualidade dos futebolistas.

As suas equipas são reconhecidas como serem muito bem trabalhadas e terem um estilo de jogo muito eficaz. Foi com Guardiola que jogadores como Messi, Busquets, Sterling e De Bruyne deram o salto para o estatuto de melhores do mundo.