Economia

Mário Ferreira diz que dona do Correio da Manhã não avisou do fim do negócio

Mário Ferreira Igor Martins / Global Imagens

O empresário Mário Ferreira, parceiro da Cofina, dona do Correio da Manhã, na compra da Media Capital, manifestou, esta quarta-feira, "grande surpresa" com a decisão de cancelamento da operação, garantindo não ter "sido consultado" e ter subscrito "todo o montante do capital" acordado

"Da minha parte cumpri com aquilo a que me comprometi, subscrevi todo o montante do capital que me pediram e me facultaram para subscrever. De facto, foi para mim uma grande surpresa", afirmou Mário Ferreira em declarações à agência Lusa.

Recordando ter sido "convidado pelo engenheiro Paulo Fernandes [presidente executivo da Cofina] para participar no aumento do capital com vista à aquisição da Media Capital", o dono da Douro Azul garante ter sido "agora surpreendido pelo cancelamento desse aumento".

"Uma decisão que foi tomada pelos acionistas da Cofina, sem que eu tenha sido consultado", disse à Lusa.

A Cofina, dona do Correio da Manhã, Record e revista Sábado, comunicou hoje à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) ter desistido de comprar a TVI após falhar a operação de aumento de capital.

A operação de oferta pública que permitiria o aumento de capital da Cofina no montante de 85 milhões de euros (de 25,6 milhões para 110,6 milhões de euros) para financiamento da compra da TVI terminava hoje.

Contudo, face à "deterioração das condições de mercado" e "não tendo sido verificada a condição de subscrição integral do aumento de capital, a oferta ficou sem efeito", pode ler-se no comunicado da Cofina.

Conclusão: "não se encontram reunidas as condições de que depende a conclusão do negócio de compra e venda das ações da Vertix (e indiretamente da Média Capital)", segundo a mesma informação divulgada pela CMVM.

A oferta abrangia a subscrição reservada a acionistas no exercício do direito de preferência e demais investidores que adquiram direitos de subscrição, através da emissão de 188.888.889 novas ações ordinárias, escriturais e nominativas, sem valor nominal.

O preço de subscrição tinha sido fixado em 0,45 euros por cada nova ação, que correspondia ao respetivo valor de emissão.

Os acionistas da Cofina tinham aprovado no final de janeiro o aumento de capital até 85 milhões de euros para financiar a compra da TVI.

Na mesma altura, os acionistas da Prisa aprovaram a venda da Vertix, que detém a maioria da Media Capital, à Cofina, em assembleia-geral extraordinária, em Madrid.

Isto depois de, em 30 de dezembro, a Autoridade da Concorrência (AdC) ter anunciado a sua não oposição à compra da Media Capital pela Cofina, que era uma das condições da dona do Correio da Manhã para o sucesso da oferta.

No anúncio preliminar de lançamento da oferta pública de aquisição (OPA), a Cofina fez depender o sucesso da operação de um conjunto de condições prévias, entre as quais a não oposição por parte da AdC, a autorização da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), a aprovação, pela assembleia-geral da espanhola Prisa, da transação, bem como a aprovação e execução de um ou mais aumentos de capital social da dona do Correio da Manhã para financiar a compra da Media Capital.

O grupo Cofina detém, além do Correio da Manhã e do Record, a CM TV, o Jornal de Negócios, a revista Sábado, entre outros títulos.

Por sua vez, a Media Capital conta com seis canais de televisão e a plataforma digital TVI Player. Além da TVI, canal generalista em sinal aberto, conta com a TVI24, TVI Reality, TVI Ficção, TVI Internacional e TVI África.

A Media Capital tem também rádios, nas quais se inclui a Comercial.

JN/Agências