Familiares das vítimas da tragédia de Entre-os-Rios vão pedir a intervenção do presidente da República e do Governo para serem libertados do pagamento de meio milhão de euros de custas no processo-crime relativo à queda da ponte.
O apelo seguiu ontem, por carta, para o Chefe de Estado e para o Executivo, através do Ministério da Justiça, disse à Lusa o presidente da Associação de Familiares das Vítimas da Tragédia de Entre-os-Rios (sediada em Castelo de Paiva), Horácio Moreira.
"Nas cartas, vamos denunciar a situação e pedir a isenção de custas", referiu o dirigente. Horácio Moreira revelou que a responsabilidade pelas custas foi distribuída por cerca de 200 familiares das vítimas, que se constituíram partes no processo de responsabilização criminal pela queda da ponte.Adiantou que só no seu caso pessoal, as custas importam em cerca de 1900 euros e sustentou que a imputação desta despesa aos familiares é um acto "inconcebível e desumano".
"Não só não vimos feita justiça, como fomos os únicos condenados no processo", observou Horácio Moreira, acrescentando que "o sentimento profundo em Castelo de Paiva é o de que os únicos condenados são os familiares e as pessoas que passaram no local errado à hora errada".
"Num Estado dito de Direito, é inconcebível que o ónus da queda da ponte recaia unicamente nas vítimas e suas famílias. Neste caso, a justiça não funcionou", frisou. A antiga Ponte Hintze Ribeiro caiu a 4 de Março de 2001, provocando a morte de 59 pessoas.