Desporto

Oito interdições com o caso Marega

Pedro Correia/Global Imagens

Já há adeptos impedidos de entrar em estádios por terem entoado cânticos racistas. MP ainda não indicou arguidos.

A Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD) já atuou em relação ao caso de racismo que envolveu Marega e aplicou, este ano, castigos a 16 adeptos, nem todos com relação à situação que envolveu o portista*: oito deles estão impedidos de aceder a recintos desportivos e outros oito terão de pagar multas.

Das 16 condenações, sete são definitivas, três aguardam caráter definitivo e seis estão em fase de instrução, explicou, ao JN, fonte oficial da APCVD. No entanto, apesar do forte empenho do Ministério Público (MP), o inquérito instaurado pela secção de Guimarães do Departamento de Investigação e Ação Penal prossegue sem arguidos, isto quando faz hoje três meses que o avançado abandonou o relvado após ter ouvido sons de macacos proferidos por adeptos vitorianos.

A circunstância deu origem a um processo-crime, que está a ser conduzido pelo MP de Guimarães, para além de um inquérito da APCVD. Contactada pelo JN, fonte da Procuradoria-Geral da República disse apenas que o processo está "em investigação". Fonte da Direção Nacional da PSP também mantém segredo: "O inquérito encontra-se em segredo de justiça e corre os seus trâmites na Comarca respetiva". No entanto, fonte próxima do processo revela ao JN que "ainda não foram constituídos arguidos", referindo que parte dos trabalhos não conheceu qualquer avanço porque os tribunais só estão a dar tramitação a processos urgentes devido à limitação ditada pela covid-19.

Foi criada uma "task force" para investigar o caso e identificar os adeptos que insultaram Marega. Nos primeiros dias após os acontecimentos, foram identificados cerca de 20 adeptos da bancada nascente, lado direito inferior, que terão entoado cânticos racistas. Mas a investigação deparou-se com uma dificuldade que ainda está a tentar ultrapassar e que se prende com o áudio das câmaras de videovigilância instaladas no Estádio D. Afonso Henriques.

Nas imagens é possível ver adeptos que parecem estar a cometer o ilícito, mas o som não é percetível pois o barulho era enorme. Outro impedimento ligado à covid-19 é a circunstância de ter parado o campeonato. O JN sabe que a investigação passou "a pente fino" a imagem daquela bancada no jogo caseiro seguinte, frente ao Tondela. Porém, não foi suficiente e as autoridades pretendiam continuar a identificação dos adeptos nos jogos seguintes, mas a Liga foi suspensa e, quando voltar, será sem adeptos.

* informação atualizada às 12 horas, com novos dados da Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto.

Delfim Machado