Penela

Malabarismo tira crianças da rua

Encerrado para Obras-Associação Cultural e Artística tem a decorrer em permanência, aos sábados, no Clube Penelense, uma oficina de malabarismo. Que se conheça, no país, apenas o Chapitô, em Lisboa, desenvolve formação contínua na área.

Pontualmente em uma ou outra associação cultural vão sendo feitas performances, oficinas ou workshops sobre artes circenses e malabarismo em particular. Mas, em 2003, ainda a Encerrado para Obras não passava de uma companhia teatral de saltimbancos que em Coimbra tentava encontrar o seu espaço, já o grupo procurava criar uma oficina/escola para o ensino de malabarismos. A ideia ainda foi colocada em prática nas instalações do Inatel, mas a irregularidade era tanta que apenas quando a Encerrado para Obras passou a ser, em 2007, a companhia teatral residente de Penela foi possível colocar em prática o projecto.

Ainda nesse ano fizeram uma pequena experiência para aferir a adesão à iniciativa, mas em Fevereiro último avançaram definitivamente com a Malabartes, oficina permanente de malabarismo que funciona, gratuitamente, aos sábados, entre as 15 horas e as 17 horas, no clube Penelense.

Segundo David Cruz, um dos responsáveis pelo projecto e actor da companhia, "o espaço Malabartes visa preconizar, numa primeira fase experimental, por um lado, a divulgação desta arte circense junto do público local, nomeadamente junto das camadas mais jovens; por outro, o encontro e o convívio regular entre malabaristas da região".

O objectivo é o de vir a criar em Penela um Pólo das Artes Circenses que venha a constituir um espaço de formação para todos. Contudo, a idade aconselhável para a iniciação é a partir dos oitos anos de idade.

A formação está a cargo de Estela Lopes e David Cruz, actores da Encerrado para Obras, e de Bernardo Malabarista, Tosta-Mista e Rafa Malabarista, todos malabaristas profissionais, que participam na formação de novos artistas por carolice, uma vez que o fazem gratuitamente. Aliás, são estes técnicos circenses, com a ajuda de alguns elementos que já vão tendo mais destreza na arte, que garantem a formação quando a companhia teatral está em digressão.

A arte malabarista já remonta à época pré-clássica e era muito apreciada pelos egípcios. David Cruz e Estela Lopes garantem que a arte é sedutora e até viciante, desenvolve capacidades básicas de motorização do corpo, a visão periférica, agilidade e reflexos.

Que o diga Aidan Ormston, de 14 anos. Quando começou a frequentar as aulas de malabarismo, enquanto os amigos jogam à bola e nos intervalos da escola, lá está ele a exibir os seus dotes de manobrar em elevação três ou mais bolas ao mesmo tempo.

Ricardo Ferreira, estudante do 7º ano, diz gostar tanto dos truques que já aprendeu, que se conseguir melhorar e sentir-se mais seguro, garante que poderá vir a fazer desta arte profissão.

LICÍNIA GIRÃO, BRUNO PIRES