Monção

Um brinde "à saúde" do Alvarinho

"Saúde!". Nunca esta forma de brindar fez tanto sentido como ontem em Monção. Dois ministros que tutelam essa área em Portugal e no Brasil foram entronizados confrades da Real Confraria do Vinho Alvarinho.

O ministro da Saúde brasileiro, José Gomes Temporão, nascido nos anos 50 em Merufe, concelho de Monção, regressou ontem à sua terra natal para, pela primeira vez, vestir o traje amarelo de confrade do vinho Alvarinho. Filho de monçanenses, emigrantes no Brasil, e apreciador do famoso verde branco, desde que o avô "o enviava em barricas" para a família emigrada, Temporão foi um dos quase 40 novos membros entronizados, no âmbito de uma cerimónia realizada no decorrer da feira do Alvarinho que hoje termina no largo da Estação de Monção.

"Estou a reencontrar-me com a minha própria história", confessou o ministro brasileiro, referindo: "Nunca perdi as minhas raízes com Portugal. Em minha casa sempre houve vinho daqui da região, tenho muitos primos, tios, amigos, parentes. Já trouxe os meus filhos aqui para conhecerem o lugar onde eu nasci, acompanho a política, volto com frequência e agora tenho com a ministra Ana Jorge um programa de Saúde comum dentro da CPLP. Sinto-me perto de Portugal".

A proximidade com a sua terra, o ministro brasileiro estabelece-a também através do vinho que bebe, principalmente, nas épocas festivas. "No Natal, na Páscoa, nos aniversários bebe-se sempre Alvarinho", comentou, lembrando, contudo, que bebida e saúde nem sempre andam de mãos dadas. "Consumir álcool com moderação pode fazer bem, mas consumi-lo de maneira exagerada pode fazer muito mal, não apenas a quem o consome. O Brasil por exemplo tem um problema muito sério com o alcoolismo e uma coisa muito importante que são as mortes por acidentes de trânsito causados pela mistura de bebida com condução", alertou Temporão, frisando que, no Brasil foi implementada há um ano uma nova lei para combater um cenário em que "17 mil pessoas que bebem e dirigem morrem nos estados brasileiros todos os anos".

Também a sua homóloga portuguesa foi ontem entronizada confrade-cavaleiro da Real Confraria do Vinho Alvarinho, e justificou o ter aceite o convite com um argumento: "Beber com moderação faz parte da nossa cultura". "Vir aqui significa dar apoio a uma confraria que, no fundo, tem a ver com os produtores de vinho verde Alvarinho. A sua implementação é importante para a economia do país e para o desenvolvimento e reconhecimento quer dentro do país e quer fora".

Juntamente com os dois referidos governantes, foram entronizados também o bispo de Portalegre e Castelo Branco, Antonino Dias, o presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), Manuel Pinheiro e o ex-ministro da Agricultura, Arlindo Cunha.