Justiça

Mãe julgada por insultos racistas contra pediatra nas Urgências

Caso aconteceu no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures Paulo Spranger \Global Imagens

Conflito aconteceu em atendimento da filha nas urgências do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, e foi testemunhado por utentes e funcionários.

Uma mulher, de 25 anos, vai ser julgada no Tribunal Criminal de Loures por, segundo o Ministério Público (MP), ter proferido insultos de "caráter racista" contra um pediatra, com cerca de 50 anos, que atendeu a sua filha nas urgências do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures. A arguida está acusada de um crime de injúria agravada e outros de difamação agravada, em ambos os casos puníveis com multa ou pena de prisão inferior a um ano.

O caso remonta a 29 de julho de 2018, quando, pelas 23.30 horas, o médico e a mãe da criança se desentenderam durante uma consulta nas urgências daquela unidade de saúde. Segundo a acusação do MP, a que o JN teve acesso, a arguida saiu "abruptamente do gabinete onde decorria o atendimento, com a bebé ao colo". De seguida, terá gritado: "Você pensa que está a examinar um animal. Seu preto de merda, preto do caralho, animal é você, filho da puta". Os insultos, alegadamente dirigidos ao clínico, terão sido presenciados por outros utentes e funcionários do Hospital Beatriz Ângelo.

Para o MP, a mãe quis atingir o pediatra "na sua honra e consideração profissional", usando, para tal, "expressões de caráter racista", de modo a denegri-lo "de forma mais ofensiva", "unicamente" pela raça.

Função agrava crime

O procurador titular do inquérito decidiu, por isso, acusar a arguida de um crime de injúria agravada, punível com pena de prisão até quatro meses e meio ou multa até 180 dias, e um outro de difamação agravada. Este último é punível, por sua vez, com pena de prisão até nove meses ou multa até 360 dias. O agravamento dos ilícitos em causa é justificado pelo MP pelo facto de, quando foi insultado, o médico se encontrar no exercício das suas funções.

O início do julgamento, perante um tribunal de um só juiz, está agendado para abril. O queixoso exige ainda ser indemnizado pelos danos sofridos.

Inês Banha