Porto

Nova ponte para metro no Douro custa 50 milhões

Implantação da nova ponte sobre o metro foi pensada para não tirar visibilidade ao arco da Arrábida David Tiago / Global Imagens

Abre esta terça-feira o concurso internacional de conceção da travessia, que terá ciclovia. Cota será um metro acima da Arrábida para não tapar o arco.

Esta terça-feira começa a traçar-se a nova ponte sobre o rio Douro, a 500 metros da Arrábida e cuja obra arrancará no primeiro semestre de 2023. O custo estimado é de 50 milhões de euros. O concurso internacional para a escolha do projeto da travessia, que levará o metro da Boavista, no Porto, até Gaia, é lançado agora com uma preocupação imperiosa: não fazer "sombra" ao arco da obra maior do engenheiro Edgar Cardoso.

A futura travessia só para o metro, com passeios e ciclovia para peões e bicicletas, não poderá ter pilares no rio (apenas nas margens) e a cota do tabuleiro será um metro acima da cota da atual Ponte da Arrábida. Da margem da Invicta, o local de implantação dista 500 metros daquela ponte. A partir de Gaia, fica a 350 metros.

"Tivemos o cuidado, no trabalho prévio ao próprio concurso, de garantir que não perturbamos, em momento algum, o que é a Ponte da Arrábida e a vista do espantoso arco", concretiza João Pedro Matos Fernandes ao JN. O ministro do Ambiente, homem do Porto, conhece bem o papel icónico das travessias no estuário do Douro e insiste numa estrutura que, "do ponto de vista estético", seja valorizadora da paisagem.

150 mil para 1.º prémio

Sendo o Plano de Recuperação e Resiliência - que financiará a construção - "sinónimo de pressa" para "dar resposta à crise económica e social", o governante entende que há intervenções sensíveis que não podem ser feitas de forma apressada. E, face ao sentido de urgência, a solução foi começar mais cedo, abrindo um "grande concurso de ideias mundial", julgado por arquitetos e engenheiros de reconhecido mérito, como Eduardo Souto Moura, Alexandre Alves da Costa, Inês Lobo, Rui Calçada e Júlio Appleton.

"Uma travessia que une duas fragas do Douro, num local excecional, entre uma ponte de Edgar Cardoso e uma ponte da escola de Eiffel não pode ser uma ponte qualquer", justifica. O concurso abre hoje e recebe propostas até julho. É pedido um projeto que contemple a integração paisagística, "com um grande detalhe ao nível do pré-dimensionamento da infraestrutura", exequibilidade técnica e um custo já muito próximo do valor final. Cabe ao júri escolher os três melhores projetos. O primeiro classificado receberá 150 mil euros, o segundo 100 mil e o terceiro 50 mil. Seguir-se-á um ajuste direto com cada um dos premiados para aprofundar o trabalho e o orçamento. Ter ficado na primeira posição no concurso será uma mais-valia, uma vez que corresponde a 50% dos critérios de avaliação nesta fase final.

"Estamos em condições de ter um grande projeto. Será uma ponte mais ligeira, do ponto de vista da estrutura, do que, por exemplo, a travessia de S. João, que é uma ponte para o comboio", perspetiva ainda. A construção arrancará no primeiro semestre de 2023.

Num concurso autónomo, será lançada a empreitada da segunda linha de Gaia, entre a Boavista e Santo Ovídio, que cruzará a futura ponte. Em Gaia, a nova linha terá ligação ao comboio nas Devesas, ajudando a descongestionar a pressionada Linha Amarela, que, antes dos dias negros da pandemia, circulava com veículos repletos nas horas de ponta. A segunda linha de Gaia, orçada em 300 milhões de euros, ficará pronta em março de 2026.

Carla Sofia Luz