Miguel Conde Coutinho

#pobrepaís

Resulta evidente que no país pobre que se dá ao luxo de atirar milhares de milhões para empresas falidas - TAP - , de vender ao desbarato empresas milionárias - EDP, REN ou ANA - e de forçar os contribuintes a um sacrifício fiscal temporário permanente, é insultuoso que seja motivo de uma crise de egos uma pequena ajuda a quem mais dela precisa, no momento em que mais precisa.

Sabendo o Governo dos desafios da pandemia e da mais do que previsível necessidade de dotar o Orçamento de capacidade para apoios à Cultura, às famílias mais vulneráveis, às empresas mais seriamente afetadas e aos pais obrigados ao louco exercício de manter a sanidade mental durante o confinamento, porque não dotou o Orçamento com força suficiente para não ficar à mercê da Oposição, ainda por cima numa questão de elementar justiça social?

Pode até parecer muito claro para quem se move pela política como se a vida dos portugueses fosse um instrumento para o poder. Mas a mim escapa-me a razão para que o regime se mostre desta forma, a não ser por um certo gosto para o espetáculo que privilegia a plateia e despreza o terceiro balcão.

*Jornalista

Miguel Conde Coutinho