Mundo

Extravagante mercearia da era dos Czares fechou este domingo no coração de Moscovo

Dimitar DILKOFF / AFP

Abriu em 1901 e não tardou a conquistar clientes, com os seus vinhos, queijos europeus e frutas exóticas. Na era soviética, caracterizada pela escassez de alimentos, brindou o público com prateleiras cheias. Hoje, os lustres brilhantes da Eliseevsky apagaram-se de vez, no centro da capital russa.

Uma mercearia histórica situada no centro de Moscovo, em funcionamento há 120 anos, fechou portas este domingo, na sequência de questões legais e da queda na procura gerada pela pandemia de covid-19.

Fundada em 1901, a Eliseevsky dá nas vistas pelo seu interior dourado (a fazer lembrar um palácio neobarroco) e pela ampla seleção de petiscos gourmet.

Desde o anúncio do encerramento, no final do mês de março, as prateleiras vazias e os corredores desertos sob os lustres brilhantes das lojas chocaram os cidadãos, cujos desabafos encheram as redes sociais.

"Prateleiras vazias no Eliseevsky: nunca vimos isto, nem mesmo durante a guerra", confessaram ao canal estatal Rossiya 1, na semana passada.

Em declarações à Reuters, Yelena Bakhtina explicou que a mercearia "não era apenas um lugar para comprar comida", mas sim "um símbolo da cidade". "Costumava ir lá só admirar o interior", reconheceu.

A loja está situada num prédio do século XVIII, na prestigiada rua Tverskaya, a apenas centenas de metros do Kremlin. Durante a era soviética, era conhecida como "Gastronom Nº 1" e vendia diversos produtos, apesar da escassez geral de alimentos na época.

No início da década de 1980, o diretor do espaço comercial foi preso, condenado à morte e executado, na sequência de uma investigação por corrupção.

Fiel ao passado histórico, os clientes foram servidos, até este domingo, no extravagante salão por funcionários vestidos com uniformes vintage.

JN