Vila do Conde

Chegam cada vez mais estrangeiros a Vila do Conde

Luciano e Ticiana mudaram-se de Salvador, no Brasil, à procura de uma vida segura para a família Leonel de Castro/Global Imagens

Quem se mudou destaca a pacatez, a qualidade de vida e as praias, a dois passos do Porto.

"Quando passo a ponte, a beleza do encontro do rio com o mar, a nau, a arquitetura... sempre abro um sorriso. Tem um brilho especial", diz Ticiana Carvalho Pereira, sem hesitar. O casal deixou Salvador, Brasil, há três anos. Com o filho a crescer, queriam uma vida "segura", sem andar sempre "em estado de alerta". Assentaram arraiais em Vila do Conde, nasceu o segundo filho, já compraram casa. Ela bióloga, ele engenheiro mecânico. Vieram "para ficar".

O concelho foi, entre os 18 do distrito do Porto, o que mais cresceu (1,7%). A vizinha Póvoa de Varzim ficou em segundo lugar (1,4%). Ambos contrariam a tendência nacional (-2%) e distrital (-1,7%). A tranquilidade, as praias, a qualidade de vida e a proximidade do Porto são atrativos, a que se junta, no caso de Vila do Conde, o património.

"No Brasil, o clima é bom, há boas praias, fartura de frutas e legumes, mas a segurança sempre foi uma questão, sobretudo depois de o Eduardo nascer", explica Ticiana. Luciano Câmara já tinha vivido um ano na Austrália. Ticiana três meses no Canadá. Emigrar não era "nenhum bicho de sete cabeças" e Luciano queria mesmo mudar de ramo e trabalhar na área das energias renováveis. Ticiana descende de portugueses - o avô emigrou para o Brasil com quatro anos -, já comia "bacalhau no Natal e sopa no início da refeição". Podia pedir dupla nacionalidade e a língua ia ajudar à integração. Por que não?

Chegaram a Portugal em 2018. Só conheciam Lisboa. Ele vinha fazer mestrado em Sistemas Energéticos Sustentáveis, na Universidade de Aveiro. Ela, doutorada em Ecologia da Doença, com o sonho de que "podia ser bióloga em qualquer lugar do Mundo". O primeiro ano "não foi um mar de rosas", mas pelo menos deixaram de viver "sempre a olhar por cima do ombro". Luciano foi contratado por uma empresa da Maia. Vieram para Vila do Conde "sem conhecer a cidade". Hoje, dizem, "foi uma feliz coincidência". Foram "muito bem recebidos", as coisas começaram "a dar certo", a cidade é pacata, tão diferente de Salvador, com 2,8 milhões de habitantes, e ela - que, inicialmente sem trabalho, abriu um pequeno negócio de bolos caseiros - já começou a fazer bioestatística para um grupo do Canadá. Já têm dupla nacionalidade. Eduardo está integrado na escola. Bruno, com quatro meses, nasceu em Vila do Conde.

Estrangeiros em Vila do Conde

Nos últimos anos, além de população que chega dos concelhos vizinhos e do Porto, Vila do Conde tem recebido dezenas de estrangeiros: por um lado, há jovens casais, que chegam em busca de uma vida melhor; por outro, reformados - americanos e ingleses - à procura de um lugar tranquilo, com bom clima, sol e mar para gozar a velhice.

"É algo que muito nos orgulha. Vila do Conde é um concelho atrativo porque é seguro, tem qualidade de vida e um património histórico absolutamente diferenciador. E também as empresas continuam a querer instalar-se aqui. Todas as semanas tenho uma ou duas para receber", afirmou a presidente da Câmara, Elisa Ferraz, em relação aos censos.

Destaque destaque Censos 2021 centro

Distrito perde 30 mil em dez anos

Dados preliminares dos Censos 2021 indicam que Portugal perdeu, entre 2011 e 2021, mais de 214 mil habitantes. O distrito do Porto tem menos 30 519 pessoas. Dos 18 municípios, apenas cinco cresceram: Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Gaia e Lousada. Baião, Amarante e Marco de Canaveses foram os que mais perderam. O Porto perdeu 2,4% de habitantes (5629 pessoas).

Litoral "em alta"

Vila do Conde ganhou 1388 residentes (são agora 80 921). Os alojamentos cresceram 2,4% e os edifícios habitacionais 0,3%. Em termos populacionais, Fajozes (15%), Mindelo (14,3%) e Vila Chã (10,5%) foram as freguesias que mais cresceram.