Mundo

Energia solar pode gerar 40% da eletricidade dos EUA até 2035

AFP

A energia solar tem potencial para fornecer até 40% da eletricidade dos EUA nos próximos 15 anos, 10 vezes mais que a produção atual, mas exigiria alterações na política norte-americana, revelou um estudo governamental. Também seriam necessários milhares de milhões de dólares para investimentos na modernização da rede elétrica do país para atingir o objetivo.

O relatório do Gabinete de Eficiência Energética e Energia Renovável do Departamento de Energia dos EUA refere que o país precisaria de quadruplicar a sua capacidade solar anual - e continuar a aumentá-la todos os anos - à medida que altera para uma rede dominante renovável, no sentido de lidar com a crise climática.

O "Solar Futures Study" (Estudo sobre o Futuro da Energia Solar, em tradução simples) divulgado na quarta-feira não pretende ser uma declaração política ou objetivo da Administração Biden, explicaram as autoridades.

"[O relatório] é projetado para orientar e inspirar a próxima década de inovação solar, ajudando-nos a responder a questões, como: Quão rápida é a energia solar a aumentar a sua capacidade e em que nível?", disse a diretora do Gabinete de Energia Solar do Departamento de Energia, Becca Jones-Albertus.

Em comunicado, por seu lado, a secretária da Energia, Jennifer Granholm, afirmou que o estudo "esclarece que a energia solar, a nossa fonte de energia mais limpa e barata e de crescimento rápido, poderia produzir eletricidade suficiente para abastecer todas as residências nos EUA até 2035 e empregar até 1,5 milhões de pessoas".

O relatório foi divulgado depois de Joe Biden ter dito que a mudança climática se tornou numa "crise de todos", durante uma visita aos bairros inundados após a passagem do furacão Ida. Na terça-feira, Biden alertou que é o momento de os EUA levarem a sério o perigo do "código vermelho" das mudanças climáticas ou enfrentar o aumento da perda de vidas e propriedades.

Artigo artigo 14098940 esquerda

"Não podemos voltar atrás, mas podemos evitar que piore. Não temos mais tempo", disse Joe Biden, antes de visitar um bairro de Nova Jérsia devastado por fortes inundações.

O desastre natural deu ao Presidente dos EUA a oportunidade de pressionar o Congresso para a aprovar o plano de infraestruturas, avaliado em um bilião de dólares, que servirá para modernizar as redes elétricas, sistemas de água e esgotos, para o país se defender melhor das condições climáticas extremas. A lei foi aprovada no Senado e aguarda agora a votação na Câmara dos Representante.

Os EUA instalaram um recorde de 15 gigawatts de capacidade de geração de energia através do sol em 2020, e a energia solar atualmente representa um pouco mais de 3% do fornecimento de eletricidade atual, segundo o Departamento de Energia.

Realizado pelo Laboratório Nacional de Energia Renovável do Departamento de Energia, o "Solar Futures Study", revela que, em 2035, os EUA precisariam de quadruplicar a capacidade solar anual e fornecer mil gigawatts de energia para uma rede renovável dominante.

Em 2050, segundo o relatório, a energia solar poderia fornecer 1600 gigawatts numa rede de carbono zero, produzindo mais eletricidade do que a consumida atualmente em todas as residências e estabelecimentos comerciais do país.

A descarbonização de todo o sistema de energia pode resultar em até três milgigawatts de energia solar até 2050, devido ao aumento da eletrificação nos setores de transporte, edifícios e indústria, acrescenta.

No entanto, para atingir 40% de energia solar até 2035, os EUA devem instalar uma média de 30 gigawatts de capacidade solar por ano até 2025 - o dobro da taxa atual - e 60 gigawatts por ano de 2025 a 2030.

Estas metas excedem em muito o que até mesmo a indústria solar tem pressionado, enquanto o governo Biden e o Congresso debatem a legislação sobre o clima e a energia verde.

A Solar Energy Industries Association (Associação das Indústrias de Energia Solar, em tradução simples) pediu uma estrutura para a energia solar poder atingir 20% da geração de eletricidade dos EUA até 2030.

A presidente e diretora-geral da Solar Energy Industries Association, Abigail Ross Hopper, disse que o estudo do Departamento da Energia "deixa claro" que os EUA não atingirão "os níveis de descarbonização" necessários sem avanços significativos nas políticas.

Na quarta-feira, a associação enviou uma carta - assinada por quase 750 empresas - ao Congresso a recomendar alterações na política.

"Acreditamos que com essas políticas [recomendadas] e um setor privado determinado, os objetivos do governo de Biden são definitivamente alcançáveis", acrescentou Abigail Ross Hopper.

JN/Agências