A recuperação económica do nosso país está em muito associada à boa utilização que fizermos dos fundos europeus.
Esta recuperação é de enorme importância, pois a quebra económica que sofremos foi brutal e, soubemos recentemente, ainda superior ao antecipado, tendo encolhido uns enormes 8,4%. Assim, as escolhas que o país está a fazer são cruciais para invertermos o caminho que andamos a trilhar há vários anos a caminho de sermos o país mais pobre da Europa. Esta crescente pobreza relativa deve-nos deixar tristes mas também nos deve fazer assumir claramente que algo não está bem e que as opções políticas não estão a ser as melhores. Quando vemos que o caminho é errado devemos ser capazes de o reconhecer e "arrepiar caminho".
E já sabemos que muita coisa não funciona. Somos um país aberto ao Mundo e que precisa de exportar. Sabemos que o comunismo, a economia planificada não funciona. Sabemos que o capitalismo desregulado não funciona. Sabemos que uma excessiva interferência do Estado, enquanto agente de mercado, não funciona. Sabemos que a captura por parte de um partido das estruturas de regulação do mercado livre também não ajuda. Sabemos que afundar os contribuintes e pequenos investidores em impostos (como o que está a acontecer nos rendimentos do arrendamento) não funciona. Aliás, a célebre frase sobre as duas certezas na vida serem a morte e os impostos cola-se na perfeição a este Governo.
Mas os últimos tempos e as declarações sobre o PRR, a chamada bazuca (nome infeliz, de resto!) fizeram-me lembrar uma outra frase menos célebre: "há três coisas que não voltam atrás, a seta lançada, a palavra proferida e a oportunidade perdida".
Tudo indica, de resto, que os fundos europeus serão muito mal aplicados. Veja-se, por exemplo, como dentro do setor público é praticamente inexistente a dimensão concorrencial na atribuição destes fundos, servindo apenas para o Governo fazer política alimentando setores ou instituições que política (e partidariamente) façam o seu jogo, isto é, sejam correligionários do Governo.
E ainda sobre oportunidades perdidas, há ainda uma questão que me tem assolado a mente: quando chegarão todos os computadores anunciados há quase ano e meio pelo Governo para as escolas?
Somos cada vez mais pobres porque continuamos a aceitar a incúria e a evitar a responsabilização dos nossos governantes. Este Governo tem muita palavra proferida e também muita oportunidade perdida.
*Eurodeputada do PSD