Declarou a um juiz que estavam juntos em sua casa, mas foi traído por sinal de telemóvel e testemunho. Amigo acabou também condenado por agressão, em Guimarães.
Um agente da PSP na reforma foi condenado por um crime de falsidade de testemunho. Em junho de 2018, tinha afirmado perante um juiz de instrução que um amigo tinha estado em sua casa, em Braga, quando na realidade estava em Guimarães a agredir violentamente um vizinho com quem o seu pai tinha um conflito. Não só não salvou o amigo como acabou multado em 1920 euros.
O agressor foi condenado pelo Tribunal de Guimarães a 13 meses de prisão, com pena suspensa, por ofensa à integridade física qualificada. O tribunal teve em conta os testemunhos da vítima da agressão e da esposa, que culparam o amigo do PSP, e ainda os registos de localização do seu telemóvel que o desmentiam.
Novo processo
Detetada a mentira, foi extraída uma certidão para novo processo que culminou com a condenação do PSP por falsidade de testemunho. O ex-polícia, atualmente a trabalhar como vigilante, recorreu para o Tribunal da Relação de Guimarães alegando, entre outros motivos, que tinha sido o juiz de instrução a requerer abusivamente os registos de localização do telemóvel e não o Ministério Público, como manda a lei. Além disso, o tipo de crime não previa a utilização de registos telefónicos. Os juízes conselheiros rejeitaram o recurso.
O acórdão da Relação de Guimarães, de 7 de julho, confirmou assim o entendimento de que as declarações do PSP reformado "não passaram de uma vã tentativa de ilibar o amigo", facto que se tornou mais grave porque o arguido sabia que "estava a prestar depoimento falso perante o juiz de instrução criminal e que com tal conduta visava obstruir a ação da justiça".
Os pais do amigo do PSP mantinham desavenças há vários anos por causa de uma passagem para o quintal. Na tarde em questão, o amigo do PSP deslocou-se a casa dos pais. Acompanhado da mãe, foi ao terraço do vizinho, agredindo-o. A mulher do agredido ouviu gritos e encontrou o marido ensanguentado, ainda tendo visto o agressor a fugir. O marido apontou logo o dedo ao filho do vizinho.