Justiça

Morta por ex-marido em tréguas de Natal

Orlando Almeida / Global Imagens

Um homem de 55 anos, natural de Arouca, vai responder em tribunal pelo crime de homicídio qualificado depois de ter ferido mortalmente a mulher com um golpe de machado, em dezembro de 2020.

A vítima, Maria Deolinda Teixeira, foi agredida depois de ter concordado participar num almoço natalício de família com o ex-marido, de quem estava separada havia quatro meses.

O historial de agressões, por vezes extremas, por parte do ex-marido era longo. O homem estava acusado de violência doméstica, depois de uma queixa que a mulher apresentou em resultado de mais uma agressão física em agosto de 2020. O julgamento de J. Teixeira deveria começar em breve.

Mesmo assim, o ex-casal emigrado em França concordou viajar separadamente para Portugal para passar a quadra natalícia na companhia dos filhos, em Arouca, assinalando desta forma a quadra natalícia.

No dia 20 de dezembro, após um almoço entre o ex-casal e um dos filhos, que, entretanto, se retirou para um dos quatros da habitação, o homem terá começado a discutir com a mulher, acusando-a de manter relacionamentos extraconjugais, apesar de se encontrarem separados há quatro meses.

Nessa altura, de acordo com o MP, o arguido dirigiu-se ao exterior da habitação e agarrou num machado, que habitualmente utilizava para cortar lenha para a lareira da sala e, sem que a vítima se apercebesse, desferiu-lhe um golpe na nuca, perfurando o crânio da mulher.

Fugiu e despistou-se

Abandonou de seguida o local, deixando a lâmina do machado cravada na cabeça da vítima. Fugiu de carro, acabando por se despistar. Foi depois a pé até casa de uma irmã a quem disse ter matado a ex-mulher e entregou-se à GNR.

A vítima acabaria por ser encontrada pelo filho, que entretanto deu o alerta. Foi transportada para o Hospital Santos Silva, em Gaia, e operada de urgência. Permaneceu depois em coma induzido na Unidade de Cuidados Intermédios, acabando por falecer no primeiro dia de 2021.

O MP diz que o arguido agiu por motivos relacionados com a desconfiança de infidelidade da ofendida. Ao longo da acusação, recorda que o historial de agressões começou em 1990, um ano depois do casamento, provocadas por ciúmes obsessivos.

Entre os ataques ao longo dos anos, contam-se murros, pontapés e empurrões, muitas destes acontecimentos ocorridos em frente aos filhos.

Em prisão preventiva desde então, vai agora responder no Tribunal da Feira pelo crime de homicídio qualificado, na forma consumada.

Tentou asfixiar mulher com almofada

De acordo com o MP, numa das agressões, ocorrida em 2011 ou 2012, o arguido tentou asfixiar a mulher com uma almofada e apertou-lhe o pescoço com as mãos. Numa outra ocasião, trancou-a na residência. Em 2018, depois de lhe ter sido comunicado pela ofendida a sua pretensão de se divorciar, o arguido dirigiu-se ao seu local de trabalho, em França, e apertou-lhe o pescoço.

Ameaça em França

A 16 de agosto de 2020, após mais um desentendimento, quanto se encontravam em Portugal, o homem agrediu a mulher com vários murros e bofetadas em diversas partes do corpo e apertou-lhe o pescoço, causando-lhe hematomas e sangramento na boca. Nessa altura, terá afirmado que, quando regressassem a França, lhe tirava a vida.

Separação após agressões

Os factos ocorridos em agosto de 2020 levaram a mulher a participar os acontecimentos às autoridades, tendo o Ministério Público indiciado o homem pelo crime de violência doméstica. A mulher separou-se, sem que o divórcio tivesse ocorrido até à data da sua morte.

Salomão Rodrigues