Trabalhadoras acusam instituição de Odivelas de ameaçar não pagar salários caso não cumpram horários.
Dezoito funcionárias do apoio domiciliário do Centro Comunitário Paroquial de Famões, em Odivelas, estiveram, esta quinta-feira, concentradas em frente à instituição contra "a carga horária excessiva" e a reivindicarem mudanças nas escalas de trabalho. As trabalhadoras acusam a direção da IPSS de lhes ter imposto, a partir de outubro, "12 horas de trabalho diárias com apenas um dia de descanso semanal" que já levou cinco a apresentarem baixa médica e duas a demitirem-se.
Helena Martins, do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (STFOSSRA), disse ao JN que as funcionárias chegam a trabalhar 47 horas por semana e estão "numa situação de desgaste muito elevado". "A pandemia também agravou a condição dos doentes, com um elevado grau de dependência. É um trabalho muito exigente a nível físico e com a penosidade dos horários a condição das trabalhadoras foi-se agravando", explicou.
Segundo a sindicalista, praticam horários das 8 às 20 horas, e o facto de estarem a trabalhar poucas funcionárias para "um grande número de utentes", tem levado à degradação do estado de saúde destas. Helena Martins revela ainda que quando a direção apresentou a nova escala horária as trabalhadoras recusaram-se a realizá-la alegando que era "ilegal". "Após a reação das funcionárias, a direção informou-as, por email, que se o fizessem não receberiam o salário no final do mês. O receio que a ameaça fosse concretizada levou-as a realizarem este horário, acreditando sempre que a direção ia voltar atrás", denuncia.
O JN tentou contactar o Centro Paroquial de Famões, mas sem sucesso.