Cultura

Evento literário mais importante do Brasil arranca com Zambra e Atwood

Margaret Atwood é um dos destaques do elenco de 2021 da Festa Literária Internacional de Paraty Jeremy Chan/Getty Images/AFP

A Festa Literária Internacional de Paraty arranca no sábado com convidados como o poeta chileno Alejandro Zambra e a escritora canadiana Margaret Atwood.

Pelo segundo ano consecutivo, a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) será realizada em formato virtual por causa das restrições impostas pela pandemia de covid-19.

Esta será a 19.ª edição do evento, que vai oferecer 19 encontros virtuais com 50 convidados brasileiros e estrangeiros, transmitidos gratuitamente através do canal da Flip na plataforma YouTube, durante nove dias, entre este sábado e 5 de dezembro.

A grande novidade desta edição é o facto de que a organização não vai homenagear um autor específico e sim uma questão, a relação da literatura com as plantas e as florestas, para que, entre os convidados, estejam ambientalistas, indígenas e escritores com obras que tenham referências a este tópico.

"Durante a pandemia, a humanidade reduziu sua mobilidade e vivenciou uma temporalidade menos frenética, características mais associadas ao reino vegetal. É hora de pensar e aprender com as plantas", afirmaram os organizadores em comunicado.

Além da Zambra, entre os convidados estão também a chilena Cecilia Vicuña; a canadiana Margaret Atwood, célebre autora de "The handmaid's tale"/"A história de uma serva"; a romancista americana Alice Walker, que é autora do romance "A cor púrpura"; a cantora e escritora brasileira Adriana Calcanhotto; o sul-coreano Han Kang; e o líder indígena brasileiro Ailton Krenak.

O evento começa no sábado, às 16 horas (horário de Brasília; mais três horas em Lisboa), com uma cerimónia protagonizada por indígenas Guaranis, encabeçados pelo líder Carlos Papá, e a educadora Cristine Takuá, em homenagem a "Nhé-éry", termo Guarani usado para se referir ao local "onde as almas se banham".

Está programada também, no sábado, uma mesa que tratará da importância das plantas, na qual participarão o botânico italiano Stefano Mancuso, autor das obras "A planta do Mundo" e "A revolução das plantas", que também contará com a presença do investigador brasileiro Evando Nascimento.

Participam na mesa de domingo o poeta brasileiro Micheliny Verunschk, elogiado pela obra "O som do rugido da onça", e o franco-senegalês Diop, vencedor do Prémio Booker Internacional com "Irmão da alma".

Atwood participará, na quarta-feira, num debate sobre "utopia e distopia" ao lado do cientista brasileiro Antonio Nobre.

Zambra, autora de obras com referências a plantas como "Bonsai" e "A vida privada das árvores", terá um diálogo no sábado, dia 4 de dezembro, com a poetisa brasileira Ana Martins Marques, autora de "O livro dos jardins".

Nesse mesmo dia, haverá mais um encontro entre duas escritoras negras de renome, a americana Alice Walker e a brasileira Conceição Evaristo.

A festa literária será encerrada no domingo, 5 de dezembro, com uma mesa que debaterá "cartografias para adiar o fim do mundo", com a participação do líder indígena Ailton Krenak e do escritor brasileiro Muniz Sodré.

Na edição anterior, realizada em dezembro de 2020, a Flip também foi virtual e contou com a participação de 20 autores internacionais, entre os quais a colombiana Pilar Quintana e a inglesa Bernardine Evaristo, vencedora do Prémio Booker 2019.

O evento de 2020 foi palco do lançamento do livro "Narciso em férias", do cantor e compositor brasileiro Caetano Veloso.

A Flip nasceu em 2003 com a intenção de realizar um encontro literário em Paraty, cidade colonial declarada Património da Humanidade pela UNESCO. Após uma primeira edição com 20 autores convidados, foi crescendo até se tornar uma referência dos eventos literários no Brasil.

JN/Lusa