Menor foi entregue ao cuidado de uma instituição após detenção da mãe. PJ apreendeu no Aeroporto de Lisboa 12 quilos de cocaína, em apenas quatro dias. Noutro dos casos, traficante infetado com covid-19 violou confinamento para recolher droga.
Um casal usou uma criança para tentar iludir as autoridades do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, e introduzir oito quilos de cocaína em Portugal, mas acabou detido pela Polícia Judiciária (PJ). Os "correios" ficaram em prisão preventiva, o que obrigou a que a menor fosse entregue ao cuidado de uma instituição. Este foi um dos três casos de tráfico de droga identificados, em apenas quatro dias, pela Judiciária no aeroporto lisboeta e que permitiram a apreensão de 12 quilos de cocaína. Noutra das situações, um traficante infetado com covid-19 violou o confinamento para ir a um hotel recolher mais de três quilos de cocaína.
Foi entre terça e sexta-feira da semana passada que a Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da PJ identificou e deteve cinco traficantes, com idades entre os 23 e os 44 anos, e apreendeu os 12 quilos de cocaína, que chegaram a Portugal através de voos comerciais oriundos do Brasil.
No primeiro episódio, foi detida uma mulher, de nacionalidade brasileira, que ingeriu várias bolotas de cocaína antes de embarcar num avião que partiu do Brasil e aterrou no Aeroporto Humberto Delgado. Sinalizada pela PJ, a "mula" não foi imediatamente detida, mas antes seguida até ao hotel de Lisboa onde se instalou. Quando foi abordada pelos inspetores já tinha expelido a droga e foi, então, detida.
Esperados à chegada do aeroporto
No segundo caso, a detenção aconteceu dentro dos limites do aeroporto. Os inspetores esperaram a chegada de um casal referenciado por tráfico de droga, que tinha partido do Brasil com o único propósito de introduzir cocaína em território nacional. Homem e mulher viajaram acompanhados de uma criança, filha da suspeita, para tentar afastar qualquer desconfiança das autoridades, mas uma fiscalização às suas malas revelou oito quilos de cocaína dissimulados no forro da bagagem.
O casal foi detido e, depois de levado a tribunal, posto em prisão preventiva. Esta medida de coação decretada pelo juiz obrigou a que a criança, com idade superior à permitida para acompanhar a mãe na cadeia, fosse entregue aos cuidados de uma instituição portuguesa. E é aí que permanecerá até à conclusão do processo.
Traficante infetado viola confinamento
A PJ deteve, ainda, uma outra "mula" que também escondia mais de três quilos de cocaína na mala. A mulher, também de nacionalidade brasileira, apanhou o voo para Lisboa, mas à chegada já estava a ser controlada pela PJ que, no entanto, optou por permitir que esta abandonasse o aeroporto para a seguir até ao hotel onde se instalou.
A operação de vigilância montada junto à unidade hoteleira prolongou-se por várias horas e só terminou quando um homem, igualmente brasileiro, se dirigiu ao quarto da suspeita para recolher a droga. Os dois alvos foram, logo de seguida, detidos, porque a mala da mulher escondia 3,4 quilos de cocaína.
Aquando da detenção, o traficante confessou estar infetado com covid-19 e que tinha abandonado o confinamento imposto pelas autoridades de saúde portuguesas. O teste feito posteriormente confirmou a infeção e deixou os inspetores envolvidos na operação sob vigilância médica. O exame ao coronavírus feito aos elementos da PJ revelou-se negativo, mas os cuidados manter-se-ão até ser concluído o período de incubação do vírus.
"Mulas" são contratadas por redes a atuar em Portugal
A PJ está convicta que os 12 quilos de cocaína (suficiente para 115 mil doses) seriam usados para abastecer organizações criminosas a atuar em território nacional e com ligações ao Brasil. Acredita, ainda, que os três casos não tenham conexões entre si.
O método identificado nestas situações é comum a várias redes instaladas em Portugal e passa pela contratação de "mulas" ou "correios" no Brasil. Estes homens e mulheres normalmente não integram a estrutura do cartel, mas são pagos para engolir "bolotas" de droga, esconder cocaína no corpo ou dissimulá-la na bagagem usada na viagem até Portugal.
Quando conseguem passar o controlo alfandegário e sair do aeroporto, as "mulas" instalam-se num hotel da capital previamente combinado e esperam pelo contacto de um membro da organização, radicado em Portugal. É este que, depois, se dirige ao quarto da unidade hoteleira, recolhe o produto estupefaciente e entrega-o aos elementos da rede responsáveis pela preparação e venda da droga.