Com um passivo a rondar os seis milhões de euros e processos judiciais em curso, a Fagricoop - Cooperativa dos Produtores de Leite de Famalicão aprovou um plano de recuperação económica. Vai haver despedimentos. Não se sabe quantos.
Continuam em curso os processos disciplinares e judiciais decorrentes dos resultados de uma auditoria às finanças da instituição. A auditoria detectou a atribuição de 1,6 milhões de euros em prémios e gratificações a duas altas funcionárias da cooperativa, entre 2003 e 2007.
Manuel Loureiro, presidente da Fagricoop, confirmou que existem processos judiciais interpostos pelo Conselho Fiscal e pela Direcção da Fagricoop às duas funcionárias em causa, que estarão ainda em fase de inquérito.
Os cooperadores aprovaram duas propostas que permitem à actual direcção, liderada por Manuel Loureiro, procurar a obtenção de um empréstimo com a hipoteca de património como garantia ou através de uma operação de "leasing back".
"Podemos colocar as duas soluções às instituições financeiras e depois optar por aquela que melhor servir os interesses da cooperativa", explicou o presidente da instituição.
Segundo acrescentou o responsável, este modelo de financiamento permitirá "reforçar" a cooperativa "em termos de caixa", permitindo "negociar a compra de produto, para poder garantir aos sócios os melhores preços e acompanhamento das explorações ao nível de fornecimento de material". Como forma de transmitir a transparência do processo, Manuel Loureiro frisa que a operação financeira adoptada deverá ter o aval do presidente da Assembleia-Geral e do presidente do Conselho Fiscal. Todos assinarão o acordo.
"A situação financeira não é a melhor e era ainda pior quando aqui chegámos, há cerca de dois meses. A facturação era zero", sublinhou Manuel Loureiro. O presidente da Fagricoop salvaguardou que a facturação tem "aumentado todos os dias".
Manuel Loureiro admite que poderá haver necessidade de reduzir o número de trabalhadores, já que o plano de viabilidade prevê corte na despesa. "Há cortes na despesa, por isso a massa salarial tem de ser reduzida", referiu, afiançando que se procurará sempre chegar a entendimento com os funcionários a dispensar.
Embora não saiba ainda quantos funcionários serão dispensados, Manuel Loureiro assinalou que essa redução de quadros terá de ser enquadrada na restruturação dos serviços que pretende concretizar. "Há sectores onde vamos criar outro tipo de serviços e vamos precisar de funcionários, por isso não vamos despedir e depois contratar", assegurou.
Manuel Loureiro considera que o projecto foi construído "de fora para dentro", pelo que pretende modificar a estrutura, para que "as pessoas se sintam bem".
"Fizemos uma ruptura com o passado, falamos do futuro e, do passado não queremos saber dele com excepção da questão que está a ser tratada no foro jurídico", afirmou o presidente da Direcção, reportando-se à auditoria.