Portugal dá a volta a desvantagem de dois golos, supera Rússia (4-2) e revalida título conquistado há quatro anos. Jorge Braz cumpre desejo de voltar a "tocar o céu" em percurso feito apenas de vitórias
Heróico. Apenas ao alcance dos melhores. E digno daquilo que se tornaram: bicampeões da Europa. Sim, este é mais um capítulo de uma longa história dourada para contar aos netos, com Portugal a renovar o título europeu, quatro anos depois de o ter conquistado pela primeira vez (2018), agora numa final frente à Rússia, em Amesterdão, Países Baixos, em que foi preciso puxar de mais uma remontada épica (4-2).
Jorge Braz tinha dito mesmo antes de o Europeu arrancar que era "legítimo aspirar a tocar novamente o céu". E como em tantas outras ocasiões tinha razão. Mas para isso, e também como o selecionador fez questão de afirmar em outros tantos casos, era preciso "ser Portugal" e nos primeiros minutos do embate as "quinas" foram tudo menos isso. Nervosos, retraídos e, em muitos momentos, desorientados, os (também!) campeões do mundo deixaram-se dominar pelo jogo direto dos russos que abriram o marcador aos 10 minutos.
Num gesto que até àquele momento já tinha sido repetido uma série de vezes, Paulinho soltou um passe longo para Sokolov, que rodou sobre Pany Varela e rematou para golo. Por vezes, um momento de infelicidade é o que basta para fazer tocar o despertador, mas não aconteceu com Portugal. A Rússia continuou com o domínio, muito graças a uma pressão alta e intensa, e foi recompensada com mais um golo. Afanasyev deu o melhor seguimento (13m) ao cruzamento de Antoshkin e alargou a vantagem (0-2).
Estava construído o cenário perfeito para aquela que viria a ser uma epopeia inesquecível. Com um espírito guerreiro e, agora sim, a jogar muito perto do melhor nível, Portugal soltou-se das correntes que até ali bloqueavam o sorriso dentro de quadra e reduziu a desvantagem muito perto do final da primeira parte. Bruno Coelho repôs a bola e Tomás Paçó (dos melhores em campo) rematou para o "frango" de Putilov.
Da segunda metade, só se podia esperar mais e melhor. E foi mesmo isso que aconteceu. Os pupilos de Jorge Braz entraram confiantes, encostaram os russos às cordas e acabaram por contar novamente com a ajuda de Putilov, que meteu água numa reposição de bola de André Coelho (2-2).
Feito o empate, só o céu poderia ser o limite. Aquele que Jorge Braz sempre acreditou tocar e que fez todos os portugueses sentirem o mesmo. Dentro de quadra, a armada lusa respondeu à altura e a reviravolta era uma questão de tempo. Desta vez sem a ajuda de Putilov, Miguel Ângelo puxou da genialidade e assistiu André Coelho, que ao segundo poste colocou Portugal pela primeira vez na frente (3-2).
A Rússia avançou de 5 para 4, mas André Sousa e os ferros travaram as tentativas de empate. A um segundo do fim, com o pavilhão a cantar o hino nacional, Pany Varela recuperou a bola e colocou o carimbo do bicampeonato (4-2). O primeiro escrito em português.