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NATO reforça defesa contra ataque nuclear

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos da América, liderou importante reunião dos G7, tendo em vista o apoio à Ucrânia AFP

Ucrânia receberá sistemas antiarmas químicas e serão reforçados os contingentes nos países da Aliança. Biden promete responder na mesma moeda ao uso de bombas de destruição maciça.

Ao 29.º dia de guerra na Ucrânia, o Mundo está em alerta máximo. Na quinta-feira, intensificaram-se os receios de que Vladimir Putin se socorra de armas químicas ou nucleares e o presidente dos Estados Unidos da América (EUA) prometeu responder na mesma moeda. Primeiro, o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, foi à cimeira da NATO dizer que a ameaça "é real". Depois, os países da Aliança Atlântica responderam com o anúncio do envio de sistemas de defesa contra armas de destruição maciça para o território de conflito. Enquanto isso, o flagelo humanitário continua.

A resolução saída da cimeira de ontem da NATO, em Bruxelas, fornece à Ucrânia "proteção contra ameaças de natureza química, biológica, radiológica e nuclear". O pacote de defesa da Ucrânia implica ainda "assistência em áreas como a segurança cibernética" e um reforço da ajuda humanitária, em particular dos EUA, que estão disponíveis para acolher 100 mil refugiados no imediato.

O reforço da política de defesa prevê também o envio de mais quatro batalhões multinacionais para a Bulgária, Hungria, Roménia e Eslováquia, e está prevista a presença de mais 40 mil soldados na região. A estes somam-se "meios aéreos e navais significativos", anunciou a NATO.

A cimeira da Aliança Atlântica reuniu os líderes dos 30 países aliados, incluindo Joe Biden. O líder dos EUA também participou na cimeira do G7, onde condenou "a carnificina" de Vladimir Putin e prometeu responder na mesma moeda caso o Kremlin utilize armas químicas ou nucleares. Biden sugeriu que a Rússia fosse "removida" do grupo do G20, mas caso os membros não aceitem a sugestão, a Ucrânia "devia ser autorizada a participar" nas reuniões.

costa E A "nova vida" da ALIANÇA

Portugal esteve representado pelo primeiro-ministro António Costa e pelo ministro da Defesa, João Gomes Cravinho. À saída da cimeira, António Costa concluiu que Vladimir Putin deu "uma nova vida à NATO" quando muitos pensavam que a Aliança estava "em morte cerebral": "Hoje, vê-se que a NATO está bem viva". Marcelo Rebelo de Sousa também destacou que "tudo o que venha a haver de agravamento na agressão à Ucrânia terá a resposta correspondente da parte da NATO".

Biden participou ainda na reunião do Conselho Europeu, que ainda decorria à hora do fecho desta edição, à porta fechada.

Enquanto os líderes reuniam, as bombas continuavam a cair em território ucraniano. As forças chechenas, aliadas da Rússia, terão tomado o porto e a câmara municipal de Mariupol, no Sul, após mais de três semanas de cerco. O Governo russo anunciou o controlo da cidade de Izium, na região de Cracóvia (Karkhiv), no Leste.

A Organização Mundial da Saúde reiterou a incapacidade para fazer chegar medicamentos a Mariupol, onde hospitais e centros de saúde foram atingidos.

Cimeira da NATO
Reforço da defesa ucraniana

- Nos próximos dias vão ser enviados para a Ucrânia sistemas de defesa contra armas químicas e nucleares. Também é reforçada a ajuda humanitária e de defesa cibernética.

- Os países do Leste que integram a NATO (Bulgária, Hungria, Roménia e Eslováquia) vão ser reforçados com quatro batalhões multinacionais. O reforço implica cerca de 40 mil soldados, meios aéreos e navais.

- Foi lançado um apelo à China para que se abstenha "de qualquer ação que ajude a Rússia a contornar as sanções" e que deixe de "amplificar as falsas narrativas do Kremlin".

Cimeira do G7
Biden endurece resposta

- As declarações de Joe Biden no final da cimeira do G7 endureceram. O líder dos Estados Unidos prometeu responder na mesma moeda ao uso de armas químicas.

- Joe Biden anunciou sanções a mais 400 cidadãos e empresas russos. São mais de 300 parlamentares, mais cerca de 100 oligarcas e empresas no ramo da defesa que "alimentam a máquina de guerra russa".

- O presidente norte-americano contabilizou em dois mil milhões de dólares a ajuda militar e em mil milhões de dólares a ajuda humanitária já enviada pelos Estados Unidos diretamente para a Ucrânia.

Delfim Machado