Castelo de Paiva

Desaparecido no rio Paiva

Dois acidentes, quase à mesma hora, em provas de rafting nos rios Paiva (Castelo de Paiva) e Paivô (Arouca) obrigaram a operações de rasgate. Se no segundo caso há um ferido ligeiro a registar, no primeiro um homem de 34 anos está dado como desaparecido.

Fernando Moreira Falcão mora, há 45 anos, na Praia do Castelo (Castelo de Paiva) e nunca viu um acidente assim. "Fazem muitas descidas de rio. Às vezes, vira-se um barco. Mas não passa disso", conta. Não foi o caso de ontem. Pelas 13.30 horas, Fernando ia dar água aos pássaros, que tem num terreno junto à confluência dos rios Douro e Paiva, quando viu um barco de borracha virado na água e um colete salva-vidas. "Pensei logo que tinha havido uma desgraça!", revela, ao JN.

Por isso, foi a correr buscar o seu barco a remos e rebocou o zebro. O colete já o apanhou em pleno rio Douro. "Era azul e com umas riscas esverdeadas. Estava fechado só uns 20 centímetros", descreve. Quando chegou à costa, já deu com bombeiros e com um grupo de jovens que diziam: "O colete é dele!". Foi então que as suas suspeitas se confirmaram.

Minutos antes, mais acima do rio Paiva, tinha ocorrido um acidente, com um grupo de amigos que praticava rafting. "Iam três botes, cada um com sete pessoas. Tinham acabado de concluir a descida do rio e estavam todos eufóricos. E isso é que terá feito com que o barco virasse junto à Ponte da Bateira", relata Edgar Soares, presidente da Junta de Alvarenga e pai de um dos proprietário da empresa que organizou a actividade, o "Clube do Paiva". Das sete pessoas que seguiam no barco acidentado, seis conseguiram chegar à margem. Não foi o caso de João Filipe Borges, de Castro Daire, com 34 anos, que está dado como desaparecido.

Apesar da extensa operação prontamente montada pelos Bombeiros de Castelo de Paiva (envolveu 46 homens, seis embarcações e um helicóptero) apenas foram encontrados o seu colete salva-vidas, o barco e os remos.

As operações de resgate não estão a ser fáceis. "Com a corrente que está, não é possível usar mergulhadores. Também os acessos ao rio são difíceis. Temos que nos limitar à vigilância nas margens. Não é possível fazer mais", garante o comandante dos Bombeiros de Castelo de Paiva, Joaquim Rodrigues. As operações continuam hoje, com o nascer do sol.

Exigido um ancoradouro

O acidente deu-se junto à Ponte da Bateira, local usado pelas empresas de desportos radicais para fazer a "saída do rio". "Há dez anos que andamos a reivindicar um ancoradouro. Não é a primeira vez que acontece os barcos chegarem e virarem. Desta vez, aconteceu uma tragédia. Se calhar, agora vão tomar medidas", atacou o presidente da Junta de Alvarenga, apontando o dedo às câmaras de Castelo de Paiva e Cinfães.

O presidente da Câmara de Castelo de Paiva, que esteve no local a acompanhar as operações de resgate, garante que desconhecia o problema. "Estou na Autarquia há dois meses e ninguém me disse nada", afirmou Gonçalo Rocha. Já a empresa organizadora da descida permaneceu em silêncio.