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EUA "extremamente preocupados" com obrigação do uso da burca no Afeganistão

EUA "extremamente preocupados" com obrigação do uso da burca no Afeganistão EPA/STRINGER

Os Estados Unidos estão "extremamente preocupados" pelas restrições dos direitos das mulheres no Afeganistão, declarou um porta-voz do Departamento de Estado após os talibãs terem hoje decretado a obrigação para todas usarem em público o véu integral.

"Estamos extremamente preocupados que os direitos das mulheres e raparigas e os progressos registados neste domínio no decurso dos últimos 20 anos sejam suprimidos", reagiu o porta-voz, numa referência à decisão sobre a obrigatoriedade do uso da burca.

Washington e os seus aliados estão "profundamente perturbados pelas recentes medidas adotadas pelos talibãs contra as mulheres e raparigas, cujas restrições abrangem a educação e as viagens", acrescentou.

O líder supremo do Afeganistão ordenou hoje que as mulheres afegãs usassem burca em público, impondo a que é considerada a mais severa restrição à liberdade das mulheres desde o regresso dos talibãs ao poder.

"Devem usar o chadri [outro nome para a burca] porque é tradicional e respeitoso", refere um decreto assinado por Hibatullah Akhundzada tornado hoje público e citado pela agência France-Presse (AFP).

"As mulheres que não são nem demasiado jovens nem demasiado velhas devem velar o seu rosto quando encontram um homem que não é membro da sua família" de forma a evitar provocações, segundo o decreto.

O documento acrescenta ainda que, caso não tenham algo a fazer no exterior, é "melhor para elas ficarem em casa".

A imposição da burca tinha sido já praticada durante a primeira vez que os talibãs estiveram no poder, entre 1996 e 2001 e que ficou marcado pela forte repressão dos direitos das mulheres em conformidade com a sua interpretação da 'sharia'.

Após voltarem ao poder em agosto, depois de uma ocupação de 20 anos pelos Estados Unidos da América e seus aliados, os talibãs prometeram que iriam ser mais flexíveis.

No entanto, renegaram as suas promessas, revertendo gradualmente os direitos e afastando 20 anos de liberdades para as mulheres.

As mulheres estão agora, em grande parte, excluídas dos empregos governamentais e proibidas de viajar sozinhas.

JN/Agências