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Portugal reitera na Roménia apoio militar no "flanco leste" da NATO

Ministro João Gomes Cravinho Michal Cizek / AFP

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, reiterou esta quarta-feira em Bucareste o apoio militar de Portugal à Roménia no quadro da NATO e face à invasão da Ucrânia por parte da Rússia.

"Portugal vai continuar a trabalhar com a Roménia no campo militar para que o nosso esforço conjunto no quadro da NATO seja sistematicamente reforçado. A presença do Exército Português (na Roménia) e as relações das nossas Forças Aéreas são bases para a continuação do nosso trabalho conjunto", disse Gomes Cravinho numa conferência conjunta com o chefe da diplomacia romena em Bucareste.

A força destacada portuguesa em território romeno (Base de Caracal) é constituída por 222 militares: uma companhia de Infantaria Mecanizada com defesa antiaérea equipada com mísseis Stinger, informações e apoio de serviços, no âmbito da decisão da Aliança Atlântica, de 24 de março.

"Apesar de todas as dificuldades que existem creio que temos oportunidades para aprofundar e expandir as nossas relações e enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, estou muito empenhado em tirar partido de todas as oportunidades que existem", disse ainda Gomes Cravinho referindo-se à crise provocada pela invasão russa da Ucrânia.

O ministro dos Negócios Estrangeiros participa, esta quarta-feira, em Bucareste no Seminário Diplomático da Roménia.

Os encontros ficaram marcados, sobretudo, pela situação na Ucrânia, situação que provoca "desafios complexos" a vários níveis.

No que diz respeito à invasão do território ucraniano, João Gomes Cravinho, agradeceu enquanto aliado na NATO e parceiro da Roménia no quadro da União Europeia o trabalho de Bucareste no apoio humanitário e no apoio político e material para que a Ucrânia "tenha possibilidade de combater a invasão".

"Gostaria de sublinhar que esta situação difícil que nós vivemos em função da agressão russa constitui também uma oportunidade para países que estão longínquos um do outro como é o caso de Portugal e da Roménia, para explorarem as oportunidades que existem", acrescentou Gomes Cravinho.

Na mesma conferência de imprensa, o chefe da diplomacia de Bucareste, Bogdan Aurescu, recordou que Portugal apoiou "desde o primeiro dia" as decisões quanto ao reforço do "flanco leste" da NATO referindo que neste momento estão na Roménia mais de duas centenas de militares portugueses.

Aurescu disse ainda que a cooperação na área da defesa facilitou o desenvolvimento das capacidades aéreas da Roménia "incluindo a compra de um número grande de aviões F-16 de Portugal".

Por outro lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Roménia referiu que os dois países abordaram os esforços romenos no apoio aos refugiados ucranianos e nas medidas que facilitam o trânsito de cereais através da Roménia.

"Também falámos do apoio que a Roménia e a União Europeia têm de alcançar em relação à República da Moldávia que é um estado muito afetado pelas consequências da guerra nas nossas fronteiras, incluindo a adesão à União Europeia", disse Aurescu.

O ministro dos Negócios Estrangeiros romeno disse ainda que no encontro mantido com o homólogo português foi abordado o "alargamento ao Espaço Shengen" tendo agradecido o apoio prestado por Portugal nesta área.

No que diz respeito às relações bilaterais, João Gomes Cravinho disse que a presença de uma comunidade de 30 mil romenos em Portugal, que participam no progresso económico, "é uma ótima base" e constituí "uma ponte entre os dois países".

Por outro lado, Cravinho, recordou que várias empresas portuguesas estão instaladas na Roménia sendo que vai encontrar-se com alguns dos empresários que investem no país.

"A mensagem que eu vou levar é que a Roménia é um campo de oportunidades, no quadro daquilo que é a vontade do poder político em ambos os países e que deve ser explorada", disse ainda o ministro dos Negócios Estrangeiros.

Além das reuniões com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Gomes Cravinho vai encontrar-se em Bucareste com o primeiro-ministro, Nicolae Ciuca, pelo chefe de Estado, Klaus Iohannis, e pelo Presidente do Parlamento, Marcel Ciolacu.

JN/Agências