Idanha-a-Nova

Agricultor que se diz lesado pelo Estado desiste de greve de fome após promessa de reunião

Luís Dias esteve 30 dias em greve de fome André Luís Alves / Global Imagens

Luís Dias, agricultor que diz ter sido lesado pelo Estado em milhões de euros, terminou esta sexta-feira a greve de fome que iniciou há um mês. O secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Miguel Alves, prometeu esta manhã "desbloquear a mediação prometida em janeiro deste ano".

Terminou a terceira greve de fome do empresário agrícola de Idanha-a-Nova, que desde 8 de setembro estava em frente à residência oficial do primeiro-ministro em protesto após oito meses à espera de uma solução quer afirma ter sido prometida por António Costa em janeiro.

"Acabou. Esta manhã, o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Miguel Alves, veio visitar-me na tenda onde passei os últimos 30 dias em greve de fome. Prometeu-nos, após contacto direto com o primeiro-ministro, o seu empenho pessoal em desbloquear a mediação que nos foi prometida em janeiro deste ano e marcou desde já uma reunião, que teremos com ele na próxima segunda-feira", disse ao JN Luís Dias.

O agricultor exige um apoio financeiro para recuperar a produção de amoras, dele e da ex-companheira e sócia Maria José Santos, destruída por uma tempestade em 2017. Diz que nunca recebeu a ajuda do Estado a que tinha direito e tem prejuízos que ascendem aos quatro milhões de euros. Luís Dias trocou vários emails com o gabinete de António Costa, nos últimos meses, tendo o chefe de gabinete do primeiro-ministro prometido uma solução "pragmática e expedita" em março. Em janeiro, o gabinete de Costa já se tinha comprometido a remeter o caso a arbitragem da provedoria de justiça, mas nada foi feito segundo o agricultor.

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Esta manhã de sexta-feira, Luís Dias lembrou que "tudo o que sempre quisemos foi uma solução de diálogo com o Governo" e que apesar de "o compromisso pessoal do secretário de Estado Miguel Alves não ser ainda a garantia de que a solução mediada que foi acordada em janeiro possa mesmo avançar", "ficámos sensibilizados com a sua visita e animados com a promessa de uma solução".

"Não se trata de reclamar dinheiro, trata-se de encontrar uma solução que permita reerguer a Quinta das Amoras, onde eu e a Maria José empenhámos a nossa vida e os nossos recursos, em parceria com o Estado que nos financiou com fundos europeus de desenvolvimento agrícola. Tudo o que queremos é voltar à nossa quinta e contribuir para o desenvolvimento da nossa região", garantiu o agricultor, que chegou a ser hospitalizado duas vezes no último mês.

"A todas as pessoas que me visitaram, que me acompanharam à frente da residência oficial do primeiro-ministro e nas visitas ao hospital, a todos os que criaram e assinaram a petição em defesa da solução mediada que sempre pedimos, a todos os que procuraram sensibilizar o Governo e as autoridades públicas, devo-vos a minha vida", concluiu.

Esta semana, foi também criada uma petição dirigida ao primeiro-ministro a exigir uma "solução mediada" e uma reunião com os agricultores, que conta com 8443 assinaturas.