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Engenharia Aeroespacial pode evitar catástrofes no futuro

Rui Dias / JN

O ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior lecionou, esta sexta-feira, a aula inaugural do novo curso de Engenharia Aeroespacial, da Universidade do Minho. Manuel Heitor fez um balanço do que a "geração Apollo" alcançou e lançou desafios aos alunos que classificou como a "geração James Webb". Para o ex-ministro, a resolução dos problemas que se colocam à humanidade, incluindo catástrofes naturais, dependem desta área do conhecimento.

"Somos sete mil milhões e seremos 11 mil milhões em 2100", lembrou o ex-governante, agora novamente na pele de professor do Instituto Superior Técnico. "Para que os países do Sul possam continuar a crescer, o desenvolvimento de novos sistemas aeroespaciais é fundamental", afirmou. "Sejam ambiciosos e inovadores. Mudem o mundo", lançou em jeito de desafio aos alunos que enchiam o auditório nobre do campus de Azurém.

"Sabem o que há em comum entre esta imagem e os extintores no teto desta sala?", perguntou o ex-ministro, logo no princípio da aula, com uma imagem capturada pelo novo telescópio James Webb projetada atrás de si. Perante a falta de resposta da plateia, Manuel Heitor esclareceu que "foram ambos criados por engenheiros aeronáuticos". De seguida, explicou que os extintores automáticos que hoje vemos nos edifícios foram criados pelos engenheiros das primeiras missões "Apollo". O exemplo serviu para mostrar que a engenharia ajudou a criar um mundo em que "a vida é melhor".

Segundo Manuel Heitor, a possibilidade de a humanidade continuar a crescer depende do desenvolvimento da engenharia e, particularmente, do ramo aeroespacial. "Já hoje, a guerra na Ucrânia é completamente dominada pela informação obtida por satélites", evidenciou. No futuro, com sensores cada vez mais avançados, será possível criar um gémeo digital de todo o território, unido georreferenciação e modelação gráfica, isto permitirá implementar melhores políticas e prevenir catástrofes, como cheias e fogos.

Domínio dos satélites

A economia do espaço deve crescer 74% até 2030. Será um "novo espaço", já não dominado pelo Estado e pelas grandes corporações, vaticinou Manuel Heitor. Para o professor, os desafios da "geração James Webb" são a miniaturização e a redução dos custos, mas também a sobreocupação do espaço e o lixo em órbita.

A primeira aula do curso em que entrou o aluno com a nota mais elevada na Universidade do Minho (8º a nível nacional) teve, na assistência. Pedro Arezes, presidente da Escola de Engenharia, Gustavo Dias, diretor do curso, Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa, Rui Vieira, reitor da Universidade do Minho e Domingos Bragança, presidente do Município de Guimarães, que renovou a promessa de que as obras para as novas instalações deste curso arrancam no próximo ano.

Rui Dias