Sociedade

Bispo mexicano culpa TV e Internet por abusos sexuais

Felipe Arizmendi, bispo de San Cristobal de las Casas, no México, considera que a falta de valores na sociedade e o excesso de erotismo nos media ou as aulas de educação sexual fazem com que os padres não consigam manter o celibato. Uma posição que foi considerada "patética" pela Asssociação Mexicana para a Saúde Sexual.

O bispo mexicano Felipe Arizmendi apontou o erotismo na televisão e a pornografia online como catalizadores do abuso sexual de menores por parte dos padres.

As declarações de Felipe Arizmendi foram feitas durante o encontro anual de bispos, que ocorreu na cidade do México na passada quinta-feira e acabaram por lançar a polémica.

"Com tamanha invasão do erotismo, às vezes é difícil permanecer celibatário ou respeitar as crianças", disse o bispo de San Cristobal de las Casas, citado pela agência Reuters. "Se há pornografia na televisão, na Internet e em tantos outros media, é muito difícil ser puro e casto".

Felipe Arizmendi tem dirigido a formação de padres nas últimas duas décadas, mas diz que a perda de moral da sociedade faz com que seja difícil aos seminaristas manterem o seu compromisso com a fé, convidando-a a rever os seus valores.

"Obviamente que quando há liberdade sexual generalizada, é mais provável existirem casos de pedofilia, mas não só entre os clérigos. Há muitos casos na própria família, nas escolas e noutros ambientes", explicou o bispo, citado pelo jornal brasileiro "Folha de São Paulo".

Arizmendi culpou, também, as aulas de educação sexual dadas nas escolas pela dificuldade dos padres em manterem os votos de castidade, o que levou a Associação Mexicana para a Saúde Sexual a manifestar-se.

"Culpar a educação sexual pelos problemas que a Igreja Católica tem tido relativamente ao abuso de menores por padres não faz sentido nenhum e chega a ser patético", declarou a associação, através de um comunicado, apelando ainda a que os membros do clero acabassem com o tipo de declarações proferidas pelo bispo Arizmendi.

O México, o segundo país com o maior número de fiéis católicos (apenas superado pelo Brasil), tem também sido confrontado, nos últimos tempos, com queixas de abusos sexuais por parte de membros da Igreja. Em 2008, o Papa mandou abrir uma investigação à Ordem dos Legionários de Cristo, cujo fundador, o mexicano Marcial Maciel, abusava sexualmente de menores e foi pai de, pelo menos, uma criança.

Já esta semana, um site na Internet publicou a carta de um cardeal que felicitava um bispo francês por, em 2001, não ter denunciado à polícia um padre que confessou ter abusado de menores.

Redação