Especial

Duas visões de Braga separadas por 64 anos

Mafalda Rosas, estudante de Marketing Digital Gonçalo Delgado/Global Imagens

Domingos Queiroz nasceu em 1938, no Porto, viveu em Vila Praia de Âncora e Mirandela, mas rendeu-se a Braga pela "vida mais dinâmica" que a cidade proporciona. Já para Mafalda Rosas, de 20 anos, a "qualidade de vida" e as "oportunidades para os artistas" são os aspetos que mais a seduzem na capital do Minho.

Domingos Queiroz, com 84 anos, é natural do Porto, morou em Mirandela e Vila Praia de Âncora, mas, desde há três anos, é em Braga que está a viver, para estar próximo da filha, professora na cidade à qual já se rendeu.

Para o ex-enfermeiro, esta "vida mais dinâmica", que contrasta com o ritmo a que estava habituado, é uma das coisas que mais o "fascina".

Ao contrário de Domingos Queiroz, Mafalda Rosas nasceu em Braga e o dinamismo da cidade já não a surpreende. Para a estudante de Marketing Digital, apesar dos preços terem subido, "como em todo o lado", "há muita qualidade de vida" e um conjunto de eventos que permitem que jovens artistas, como ela, possam mostrar-se à sociedade.

"No início, custou adaptar-me, porque era outro estilo de vida. Em Vila Praia de Âncora era muito mais calmo e aqui há uma vida mais dinâmica, com muita juventude, as pessoas sorridentes, de baixo para cima", relata o octogenário, sublinhando que a atenção que dão aos idosos, também, é importante.

Aluno da Academia Sénior, diz que é um projeto que o incentiva a sair de casa "para socializar", mas também trocar conhecimento com os professores. "Nós aprendemos com eles e eles aprendem connosco", assevera Domingos Queiroz, apontando, ainda, os "transportes acessíveis", "os jardins maravilhosos", "a boa restauração e hospitais" como razões para "gostar muito" de Braga. "Tudo isso dá-nos confiança para viver aqui", remata.

Confiança também não falta a Mafalda, que destaca as "muitas associações cá em Braga", as quais considera serem "a melhor forma de nos integrarmos, porque depois há muitas festas onde participamos".

A jovem é percussionista na Equipa Espiral, uma das associações culturais mais presentes em eventos como o São João ou a Braga Romana. "Não há nada melhor para os jovens", frisa a artista de 20 anos, acrescentando que gosta de ver o centro histórico "cada vez mais moderno, mas sem perder a traça antiga".

O crescimento da cidade só traz dores de cabeça no trânsito, assume a bracarense. "Vivo em Real, mas vou a pé para o centro quando preciso", exemplifica Mafalda Rosas, lamentando quando tem de usar o carro para ir para a universidade. "A Avenida da Liberdade é um terror", classifica.

Como ponto forte da cidade, o enfermeiro aposentado destaca a Academia Sénior, dedicada aos idosos do concelho. "É o ponto mais positivo da cidade, porque tirou-me da passividade e tornou-me mais ativo", justifica.

No plano oposto, destaca os níveis de poluição da cidade, "devido ao trânsito", como um ponto a melhorar. "Pode prejudicar a qualidade de vida", entende o idoso.

O trânsito é, aliás, ponto negativo comum entre Domingos e Mafalda, apesar dos 64 anos de diferença que os separa. A estudante considera que este é "o principal problema" da cidade. A isso, alia "os parques de estacionamento caros, que prejudicam quem trabalha no centro".