Desporto

Ricardo Regufe: o amigo inseparável de Cristiano Ronaldo

Ronaldo e Ricardo Regufe na apresentação de CR7 no Al Nassr Instagram de Ricardo Refuge

Viagem às origens do portuense que levou Cristiano Ronaldo para o Al Nassr. Do futebol no Leixões à entrevista de emprego na Nike.

Onde está Cristiano Ronaldo, está Ricardo Regufe. Foi quase sempre assim nos últimos anos e passou a sê-lo ainda mais a partir do momento em que foi Regufe, e não o super agente Jorge Mendes, a fechar a transferência do internacional português para o Al Nassr, no final de dezembro. Mas quem é este portuense, de 43 anos, que se tornou milionário graças à comissão estratosférica (o valor propalado é de 30 milhões de euros) cobrada no negócio que levou CR7 para Riade?

"Conheço-o dos tempos da antiga Escola Industrial. Nos anos 1990, toda a gente se conhecia em Matosinhos. Na praia, no futebol, o Ricardo sempre foi uma pessoa extrovertida", conta, ao JN, Jorge Moreira, presidente do Leixões, clube onde Regufe foi avançado nos escalões de formação. "Marcava golos nas camadas jovens, mas não singrou nos seniores, não sei se por decisão dele, se por falta de oportunidades", afirma o dirigente, que seguiu à distância a carreira que Regufe fez como representante da marca Nike junto da FPF.

"A história que se conta é que o Ricardo conseguiu ter sucesso na entrevista de emprego porque foi vestido a rigor. Não de fato e gravata, mas de calças de fato de treino e de camisola da Nike. Não sei se é mito. A verdade é que ele sempre foi uma pessoa competente, discreta e recatada", acrescenta Jorge Moreira.

Regufe conheceu Ronaldo quando este era um jovem de 15 anos e uma das promessas da formação do Sporting. Depressa o madeirense passou a ser representado pela Nike e Regufe acompanhou-o na ascensão em Alvalade, no início da aventura em Manchester e nos primeiros passos na seleção. Quando o avançado se estreou, em 2003, num particular com o Cazaquistão, em Chaves, o amigo estava lá. Como passou a estar nos estágios da equipa das quinas nos anos seguintes.

"Já o conhecia de Matosinhos, quando joguei no Leixões, mas foi nesses estágios da seleção que a nossa relação se estreitou. Eram muitos dias em hotéis. O Ricardo tinha um bom relacionamento com todos os jogadores, mesmo os que não eram representados pela Nike, e ajudava-nos quando faltava algo", refere o ex-guarda-redes Beto, definindo Regufe como uma pessoa "muito profissional, ambiciosa e dedicada".

Do alegado descontentamento de alguns jogadores pela presença constante de Regufe nos estágios da seleção, Beto não encontrou sinais: "Estive 11 ou 12 anos na seleção e nunca me apercebi de nenhum mal-estar. Para nós, era natural que ele estivesse ali. Ao longo dos anos, criou uma relação mais próxima com o Cristiano, mas isso podia ter acontecido com outro jogador. O Cris sempre se rodeou de pessoas em quem confia".

A partir da relação profissional, nasceu uma amizade profunda que alastrou para férias e para momentos fora do futebol. O agenciamento da transferência para o Al Nassr, ainda que milionário, terá sido pontual, mas o certo é que Ricardo Regufe faz parte do clã Ronaldo. Nos dias bons e nos maus.

Nuno A. Amaral