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Detido suspeito de ataques a igreja da comunidade portuguesa em Paris

Santuário de Nossa Senhora de Fátima em Paris foi alvo de duas tentativas de incêndio Arquivo Global Imagens

Um homem de 47 anos foi detido pela polícia francesa após ataques a três igrejas em Paris, incluindo o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, dedicado à comunidade portuguesa, que causaram "emoção" e "surpresa" entre os fiéis.

Nas madrugadas dos dias 17 de janeiro, terça-feira, e 22 de janeiro, domingo, o Santuário de Nossa Senhora de Fátima foi alvo de duas tentativas de incêndio junto à porta principal do edifício. Na primeira, a grelha de proteção impediu que um saco com papéis ateasse fogo à porta, mas na segunda tentativa, já com combustíveis mais fortes, a porta chegou a arder.

"As pessoas no domingo estavam emocionadas, estavam surpresas, mas ninguém se manifestou diretamente, apenas interessados em ajudar. Os jovens quiseram mobilizar-se para ajudar e mantive as atividades normais da igreja, com catequese e reuniões com pais. As pessoas estavam serenas, ninguém se foi embora pelo que aconteceu. Percebeu-se que era um ataque ao imóvel e não às pessoas", relatou Nuno Aurélio, reitor do Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em declarações à agência Lusa.

Entretanto, duas outras igrejas foram atacadas da mesma forma, as de Saint-Laurent e Saint-Martin-des-Champs, ambas no 10.º bairro, com o ataque a Saint-Laurent, que decorreu já esta semana, a levar à detenção do homem de 47 anos. O suspeito, de nacionalidade ucraniana, que ainda não foi formalmente acusado, está agora em detenção e foi transferido para a ala psiquiátrica da prisão da Prefeitura de Paris.

Segundo os meios de comunicação franceses, as motivações destes ataques foram religiosas, já que o homem é de confissão ortodoxa.

Desde logo, e após as diligências junto da polícia, o Santuário de Nossa Senhora de Fátima recebeu o apoio da Diocese de Paris, mas também do autarca do 19.º bairro, onde a igreja está localizada, e do Consulado-Geral de Paris. Desde o início destes ataques, que a Igreja preferiu ficar em silêncio, devido à possibilidade de os ataques serem replicados, num contexto em que este tipo de crime é cada vez mais comum em França.

"Aqui não houve um ataque às pessoas, houve um ataque ao património edificado, o que é sempre melhor do que atacar as pessoas. O que a diocese nos pediu foi para ficarmos em silêncio para não levar outros, possivelmente desequilibrados, a terem a mesma ideia, já que há, por vezes, o risco de contágio", declarou o padre português.

O inquérito vai agora continuar, mas o Santuário já decidiu reforçar a segurança, acrescentando mais uma câmara de vigilância na entrada da igreja. A detenção deste homem deixa a comunidade portuguesa aliviada, mas Nuno Aurélio espera que o suspeito seja julgado como alguém na posse das suas plenas capacidades.

"Estamos mais aliviados, supondo que foi a pessoa que fez os quatro atentados. É preciso que agora a investigação comprove. Embora ele tenha sido internado na ala psiquiátrica, ele não é maluco. É uma pessoa organizada e, no nosso caso, ele corrigiu a estratégia", concluiu.

JN/Agências