A Besthealth4U (BH4U) está a desenvolver na Faculdade de Medicina da Universidade do Minho, pensos que avaliam a evolução das feridas de forma permanente e adesivos que não causam qualquer irritação na pele, mas que têm um poder colante maior que os existentes no mercado.
Os primeiros produtos BH4U nasceram da necessidade que a investigadora Sónia Ferreira, de 45 anos, sentiu desde que, a partir dos sete anos, devido a um problema renal, passou a urinar para um saco (ostomia urinária).
O dispositivo tem de ser colado à pele, porém, nenhum dos adesivos existentes no mercado evitava que ficasse com irritações cutâneas e até com feridas. Com o passar dos anos, acabou por perceber que este era um problema de muitas pessoas e que a indústria não tinha soluções. Assim nasceu a vontade de investigar na área.
O caminho de Sónia, contudo, não foi linear. Depois de terminar o ensino secundário foi trabalhar na empresa têxtil da família até aos 30 anos. "Mas, desde os 18, comecei a procurar no mercado soluções de adesivos e verifiquei, desde essa altura, que havia uma lacuna na oferta", aponta. Com a crise dos têxteis, entre o fim da década de 90 e o princípio do século, a família fechou a empresa. "Decidi que era a minha oportunidade de ir estudar", conta.
"Tinha duas possibilidades em mente: Bioengenharia, com a ideia de desenvolver uma bexiga em laboratório que pudesse ser implantada num ser humano; ou Engenharia Biomédica", lembra. Acabou por ser a segunda, na Universidade Católica, em Lisboa e de seguida um mestrado em Engenharia Biomédica e Biofísica.
Em 2014, reuniu um pequeno grupo e começou a investigar na área dos adesivos, "os que existem não colam, as pessoas dobram-se e ficam todas sujas". Sem vínculo a nenhuma universidade, as primeiras experiências aconteceram na cozinha de casa.
Entretanto, a BH4U esteve dois anos incubada no Laboratório Ibérico de Nanotecnologia, em Braga, e da ideia chegou-se ao produto. O Bio2Skin cola-se ao corpo estabelecendo ligações com as moléculas de água existentes na pele, evita as irritações e é fácil de retirar.
Com o protótipo na mão, a BH4U já captou mais de um milhão de euros de investimento a partir de fundos de capital de risco. Agora, incubada na Faculdade de Medicina da Universidade do Minho, está a desenvolver pensos com sensores que avaliam fatores como a temperatura da ferida, a pressão, a deformação e a existência de bactérias.
Estes pensos comunicam com uma aplicação no telemóvel do doente e transmitem a informação de forma remota para os profissionais de saúde. O objetivo é reduzir as visitas aos serviços clínicos.
Depois de ter sido um sucesso na Consumer Eletronics Show, em janeiro, em Las Vegas, onde captou o interesse de várias marcas líderes internacionais no setor e de ter recolhido um investimento de um milhão de euros do fundo Lince Capital, a que se juntam 100 mil euros do PT Ventures, a BH4U pretende, num futuro próximo, deixar o ambiente académico.
Os produtos estão numa fase em que podem ser produzidos a uma escala industrial e para isso é preciso mais espaço.