As potências nucleares "querem monopolizar a tecnologia" e "impedem os outros de utilizar a energia nuclear pacificamente", declarou hoje, sexta-feira, em Xangai o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, dois dias após a aprovação de sanções na ONU contra Teerão.
"As potências nucleares não deixam os outros utilizar, mesmo pacificamente, a energia nuclear (...) alguns deles utilizaram bombas destruidoras", prosseguiu Ahmadinejad, depois do Irão ter sido castigado com um quarto pacote de sanções, militares e financeiras.
Estas potências nucleares "querem monopolizar a ciência e a tecnologia para proteger os seus interesses materiais", acusou o presidente, durante a visita ao pavilhão iraniano na Exposição universal de Xangai, no leste da China.
Ahmadinejad visitou o pavilhão do seu país por ocasião do "Dia do Irão", num complexo onde estão presentes 189 países.
Não está previsto que o chefe de Estado permaneça em Pequim nem que mantenha reuniões com os líderes da China, tradicional aliado do seu país, que, no entanto, se associou à aprovação na ONU de novas sanções contra o Irão.
Estas sanções foram consideradas "boas para o caixote do lixo" por Ahmadinejad, que desmente regularmente que o seu país esteja a desenvolver um programa nuclear militar, e referiu que o Irão levou a mal a defeção de Pequim, o seu principal parceiro económico e comercial.
Quinta-feira, o chefe da Organização iraniana da energia atómica, Ali Akbar Salehi, criticou a China com um tom pouco habitual em relação a este aliado, que dispõe de um direito de veto na ONU.
"Estou surpreendido pelo facto da China (...) aceitar o domínio (dos Estados Unidos)", declarou Salehi, avisando que esta "atitude terá certamente consequências no mundo muçulmano".
A China vai "progressivamente perder o seu lugar no mundo muçulmano e quando acordar, será demasiado tarde", insistiu, segundo a agência de imprensa Isna.
Mas a China respondeu através de um porta-voz do ministério dos Negócios estrangeiros, Qin Gang, que destacou "a grande importância nas suas relações com o Irão".
À entrada do pavilhão iraniano figurava hoje uma mensagem do presidente: "Amor, devoção e compreensão constroem a segurança e a dignidade humana".
O presidente iraniano deve participar numa conferência de imprensa às 15:30 (08:30 em Lisboa), segundo responsáveis do pavilhão iraniano.