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Aplicação tecnológica é trunfo extra no campo de batalha

Aplicação ajuda Exército a localizar o inimigo Sara Gerivaz

"Kropyva" foi desenvolvida por voluntários da SOS Army e dá aos militares ucranianos localização exata das forças russas. Software tem mais de 100 mil downloads.

Enquanto a artilharia continua a provocar baixas de parte a parte, a tecnologia assume-se, cada vez mais, como uma poderosa arma capaz de infligir danos significativos no terreno. A SOS Army, uma associação voluntária criada a 1 de março de 2014, desenvolveu uma aplicação que permite ao Exército ucraniano saber com precisão onde estão as tropas de Moscovo. Um trunfo importante naquela que é já considerada a guerra mais tecnológica de sempre.

No escritório localizado em Kiev, forrado com as bandeiras dos países que apoiam o projeto por todo o Mundo e com dezenas de distinções do Exército, um dos voluntários explica o modo de funcionamento do software batizado como "Kropyva". Com um tablet na mão, aumenta e diminui o desenho geográfico da Ucrânia com auxílio dos dedos.

"Aqui temos o mapa de Bakhmut, onde neste momento decorrem os combates mais intensos. Através da nossa aplicação, o Exército ucraniano é capaz de identificar a posição exata das forças russas e dar as coordenadas à nossa artilharia".

No ecrã, dezenas de pequenas cruzes verdes surgem em linha, representando a artilharia russa. Além do desenvolvimento da aplicação, que conta já com mais de 100 mil downloads, a SOS Army dá ainda formação aos militares e envia tablets para as primeiras linhas de combate. Ao todo, já enviou mais de 30 mil.

Aeronaves dão informação

Para ter acesso à informação, a SOS Army criou a "Valkyrie", uma aeronave não tripulada que regista através de câmaras fotográficas o posicionamento do Exército russo.

"A Valkyrie pode voar longe. Não é um simples drone, nem um DJI ou um Mavic. Pode voar 10, 20 ou 30 quilómetros. A artilharia que encontra dispara a 10, 20 ou 27 quilómetros na nossa direção. São sistemas de artilharia de grande calibre que infligem um dano muito grande aos nossos militares", explica Anna Morozova.

De acordo com a responsável pela equipa de voluntários da SOS Army, há nos céus ucranianos cerca de 500 aparelhos voadores que, pela sua rapidez, são difíceis de abater. "Para abater uma Valkyrie é necessário utilizar sistemas de mísseis como os do Kremlin, ou seja, o [sistema de mísseis] TOR pode funcionar, mas qualquer sistema antiaéreo convencional não. Mesmo que a Valkyrie seja abatida, já terá causado grandes danos à Federação Russa. Cada míssil pode custar 100 mil dólares, enquanto que uma única Valkyrie custa entre seis e sete mil".

Exército motivado

A arma tecnológica que a SOS Army pôs ao serviço do Exército ucraniano valeu à associação a distinção de Valery Zaluzhny, chefe das Forças Armadas. Anna Morozova não pode precisar a quantidade de artilharia que a "Kropyva" já ajudou a abater, mas garante que tem recebido retorno muito positivo por parte dos militares.

Para além do trunfo informático, a voluntária acredita que o Exército da Ucrânia está bem mais equipado do que qualquer outro, devido à experiência que já dura há quase nove anos. "As nossas Forças Armadas têm algo a defender. A maioria está altamente motivada. Nenhum exército tem a experiência de uma agressão tão intensa, tão dura. Mas claro que o principal é a própria motivação".

Sara Gerivaz