Proprietários do Renaissance constroem parque no Porto, com 17 mil metros quadrados. Faz parte do contrato com a Câmara e da urbanização de terrenos que estavam sem uso.
Começa no próximo mês, ficando pronto num prazo de um ano, o novo parque urbano da Lapa, no centro do Porto. O espaço verde faz parte do estudo urbanístico que a Câmara fez para aquela zona da cidade, em 2019, que contemplava a criação de uma frente urbana. Ali nasceu já o Hotel Renaissance (de quatro estelas, 163 quartos, a inaugurar em abril). Aliás, será o Grupo Mercan Properties, que detém e gere o hotel, a pagar o parque urbano, tal como suportou a obra de reabilitação da Rua de Cervantes.
"Em 2020, a Mercan iniciou o licenciamento da obra do edifício hoteleiro e no âmbito desse processo fizeram-se dois contratos de urbanização com a Câmara do Porto: um para a requalificação integral das ruas de Cervantes e de Alves Redol, e outro para o parque urbano da Lapa", detalhou, ao JN, o vereador do Urbanismo, Pedro Baganha.
A Mercan, que adquiriu os terrenos que pertenciam a particulares e estiveram anos ao abandono, cedeu "14 500 metros quadrados para o parque (no total terá 17 mil, com as parcelas da Autarquia) e 3000 para os arruamentos". Tanto na rua como no futuro pulmão verde "as obras são custeadas pelo grupo privado". Estreada este mês, a renovada Rua de Cervantes, paralela à Rua de Antero de Quental, vai ajudar à mobilidade na zona mais central da cidade.
"É uma parceria virtuosa entre o interesse público e a iniciativa privada. Tudo isto podia acontecer com investimento público, se tivéssemos expropriado o terreno, feito os arruamentos e o parque, mas isso iria demorar muitíssimo mais tempo e implicava quantias significativas. Este investimento [da Mercan] acabou por ser uma contrapartida no âmbito das obras de urbanização do processo de licenciamento arcadas pelo promotor privado", insistiu.
Lagos e acesso direto ao metro
O parque urbano, "por onde já passa uma ribeira, vai ter uma linha de água a céu aberto". Serão criados "lagos que vão permitir o controlo das cheias, percursos pedonais e um acesso direto à estação de metro da Lapa". Não está prevista a instalação de equipamentos para as crianças, pois já existe um espaço desse tipo nas imediações.
"A Lapa era uma espécie de segredo bem guardado do Porto. De repente, criamos aqui um naco de cidade. O que eram quase as traseiras, vão passar a ser uma centralidade, à volta de um parque", rematou Pedro Baganha.
Hotel vai crescer
Para o diretor-geral do Grupo Mercan Properties, Miguel Gomes, a parceria tem tudo para correr bem. "A unidade hoteleira está a ser edificada em duas fases. A primeira, já concluída, representa um investimento de 56 milhões de euros. No segundo edifício, a iniciar quando o licenciamento estiver tramitado e no qual adicionaremos 78 quartos, serão aplicados mais 31,5 milhões de euros.
Na totalidade, serão 87,5 milhões. Isto só foi possível devido à iniciativa de 250 investidores de vistos gold, que adquiriram este terreno, através da Mercan projetaram e licenciaram as construções, e, em conjunto com a Câmara do Porto, vão edificar e entregar o parque para uso dos munícipes", explicou o responsável.
Cafetaria na 2.ª fase
Para o parque urbano da Lapa já está prevista a sua expansão, numa segunda fase. Nessa altura, "só com parcelas de terreno que pertencem à Câmara do Porto", segundo adiantou Pedro Baganha. Esta etapa posterior engloba a montagem de uma cafetaria.
Residência sénior
Na mesma zona da Lapa, abaixo das instalações do Centro Cultural e Desportivo dos Trabalhadores da Câmara (CCD Porto), há um terreno que o Município portuense cedeu ao CCD para desenvolver um projeto social destinado ao segmento sénior, com residência e universidade. "A cedência do terreno está feita, falta o licenciamento do projeto, que ainda está a ser elaborado, e sei que estão à procura de financiamento", desvendou o vereador.