Abriu oficialmente ontem à tarde, quinta-feira, a 29ª Concentração Internacional de Motos de Faro. Até ao fim da noite já sido feitas perto de oito mil inscrições. Sozinhos ou em grupo, os motards chegam ao Vale das Almas vindos de toda a Europa.
Os portugueses estão em maior número, mas os espanhóis não lhes ficam muito atrás. Nos vários espaços reservados às tendas de campismo, também são visíveis vários grupos de motards ingleses. Como Nick Cooper, um carpinteiro de 44 anos, vindo da cidade de Darlington, em New Castle. Saiu de casa pelas 6.30 horas da última sexta-feira e chegou a Faro hoje, quinta-feira, ao meio-dia. Veio integrado num grupo de 100 motards. “É a primeira vez que aqui estou, por isso, estou com a mente aberta para experimentar tudo e conhecer outras pessoas”, contou ao JN.
Albertina Silva (nome de guerra) tem já uma larga experiência nestas andanças. Vem a cada dois anos e, desta vez, trouxe consigo os dois filhos, cada um com a sua moto. A de Albertina Silva, 45 anos, é uma Shadow Honda, com 14 anos, “mas em muito bom estado, tal como eu”, diz, sorrindo e fazendo poses para quem passa. Natural de Aveiro, percorre quase todas as concentrações de motos do país. “Daqui, vou para Bragança e depois para Góis”, adianta. Seguidora do ditado que diz “o Carnaval é quando uma mulher quer” (sic), Albertina Silva (não nos quis revelar o seu verdadeiro nome, apesar das insistências), gosta de ser vestir de uma forma sexy e provocadora. “Todos estes adereços, incluindo o vestido e os sapatos, são de uma prima. O corpinho é todo meu”, garante.
Manolo e Enriqueta, de 48 e 47 anos, vieram de Albacete (Espanha) com mais seis amigos para participar pela primeira vez na concentração. Saíram de casa pelas 3.45 horas e chegaram a Faro por volta do meio-dia, depois de 820 quilómetros de caminho. Manolo diz não ter quaisquer expectativas criadas quanto aos próximos três dias. “Já ouvi falar muito deste encontro e, por isso, este ano decidi vir. E seja o que Deus quiser”, sublinha.
Mas há quem venha de mais longe. De muito mais longe, como é o caso de Heinz Jürgen Shwinning, um alemão de 52 anos, natural de Duisburg. Conta, com bastante orgulho, que percorreu na sua Triumph cerca de três mil quilómetros em apenas 36 horas. “Não parei, nem para comer, nem para dormir, apenas para encher o depósito”, explica num inglês macarrónico. É a quinta vez que participa neste evento. Veio sozinho porque, afirma, prefere fazer amigos pelo caminho. “Todos os anos conheço muitas pessoas novas”, diz.
20 mil esperados até domingo
Organizado pelo Moto Clube de Faro, a Concentração Internacional de Motos é o evento do género mais importante em toda a Europa. Apesar da crise económica mundial, os promotores esperam alcançar o mesmo número de participantes do ano passado, cerca de 20 mil. Só lamentam a falta de apoio de algumas entidades, tendo em conta o dinamismo que o evento traz para a economia e turismo da região.
Numa conferência de imprensa, o presidente do Moto Clube de Faro referiu que a organização desta concentração obriga a despender cerca de um milhão de euros. José Amaro criticou os responsáveis do programa “Allgarve”, a Associação de Bares de Faro e a Associação de Comerciantes do Algarve por não patrocinarem este evento.
O presidente do Moto Clube de Faro criticou também a actuação das forças policiais, que nos dias da concentração motard fazem “um controlo apertado”. “Deviam fiscalizar o trânsito também no resto do ano”, aconselhou.