"Não se trata de um jardim zoológico, onde temos a certeza de que vamos ver determinados animais em certos espaços. Quando se visita um parque natural, nunca temos a certeza de que vamos conseguir observar determinada espécie."
Director do Departamento de Gestão de Áreas Classificadas do Norte, Lagido Domingos desmistifica, assim, a ansiedade com que muitos partem para uma visita numa área protegida, como é o caso do Parque Natural do Litoral Norte (PNLN), em Esposende.
O espaço, que se estende ao longo de dezena e meia de quilómetros, ao longo de toda a costa do concelho, comporta mais de duas centenas de espécies de vertebrados, com destaque para as aves, cujo número de espécies ronda a centena e meia. "Trata-se de uma biodiversidade que importa sobremaneira preservar, pelo seu inestimável valor", assevera o responsável.
No parque estão referenciadas 142 espécies de aves. "Porém, o número total de espécies que se conseguem observar com alguma regularidade superará em pouco a centena", estima Duarte Figueiredo, adjunto de Lagido Domingos, assinalando, contudo, que é no Inverno que muitas destas aves, provenientes, em vários dos casos, do Norte da Europa, buscam refúgio no parque natural.
De modo a incrementar as visitas e facilitar o percurso pelo espaço natural, o parque criou um conjunto de trilhos, entre a desembocadura do rio Neiva, na franja Norte do concelho, e a Apúlia (limite Sul do parque), sendo o que se estende do estuário do Cávado e contorna a restinga de Ofir o mais calcorreado, por miúdos e graúdos. Passadiços estendem-se ao longo da margem esquerda do Cávado, facilitando o acesso aos visitantes, sem perturbar o equilíbrio natural do ecossistema, evidencia Artur Viana, supervisor do PNLN, dando conta que a actual extensão deverá ser praticamente dobrada, após intervenção a realizar pelo Polis do Litoral. "As pessoas passaram a valorizar muito mais esta zona desde que foram criadas estas infra-estruturas (passadiços)", diz.
Do total das espécies que aí ocorrem, 12 por cento está ameaçada de extinção, como o açor e a águia-pesqueira. Porém, dessas, meia dúzia encontram no parque condições favoráveis à nidificação, assegura Duarte Figueiredo.