Coincidiu com o ano da inauguração da Ponte da Arrábida. Em 1963, ficou concluído o primeiro troço da VCI (Via de Cintura Interna), ligando Coimbrões, em Gaia, a Francos, no Porto. Mas a obra só terminou 43 anos depois. Dos oito troços que compõem a Circular Regional do Porto, e onde se inclui também a Ponte do Freixo, o último foi inaugurado em janeiro de 2007.
A ligação entre o Nó da Barrosa e a Avenida da República, em Gaia, fechou o anel da VCI, prometendo retirar 20 mil carros por dia à Arrábida e "aliviar" o trânsito nas pontes do Infante e de Luís I em cerca de 20%. Foi esse facto que fez a notícia do "Jornal de Notícias", a 9 de janeiro de 2007: "Conclusão da VCI tira carros".
"O último lanço do lado de Gaia, numa extensão de 1,3 quilómetros, deverá atingir uma média diária de 40 mil veículos", escrevia o JN, citando António Laranjo, à data presidente da já extinta Estradas de Portugal. Aliás, para o então ministro das Obras Públicas, Mário Lino, a nova estrutura da via reduziria tempos, aumentaria a segurança e combateria a sinistralidade, além de "mais coesão a toda a rede rodoviária da Área Metropolitana do Porto".
Mas mesmo antes da conclusão da obra, já muita tinta tinha corrido sobre a VCI. Aliás, já muitos especialistas criticavam a via, na altura, por ter sido construída em zonas muito próximas de casas e prédios de habitação. A razão seria simples de explicar: "foi pensada apenas como um coletor de trânsito citadino para garantir as ligações transversais este-oeste e vice-versa". Por isso, "as regras de afastamento respeitadas, quer nas auto-estradas quer nos itinerários complementares, não foram aplicadas".
Cinco anos antes de ser inaugurada a VCI, o JN explicava que, "o traçado foi, durante muitos anos, apenas um traço no mapa da cidade sem qualquer correspondência com a realidade no terreno". "Quando, finalmente, a quiseram concretizar, a Câmara do Porto e a extinta Junta Autónoma das Estradas foram obrigadas a construir não a VCI ideal, mas a possível, dentro dos condicionalismos com que se depararam".
E mesmo depois de ter sido inaugurada, não tardou a dar que falar. Em maio de 2011, o JN "rebatizou-a": ao invés de Via de Cintura Interna, seria a "Via de Confusão Imensa". Isto porque, em nenhuma das placas informativas aparecia aquela indicação, mas sim IC23, A20 e A28. Nenhuma destas designações está errada, mas "mais útil será saber que está na VCI e, não obstante esta desginação, que é a mais popular, raramente é vista nas placas...", escrevia o diário.