Porto

Cortejo da Queima leva festa e críticas à Baixa do Porto

Carro da Faculdade de Direito foi montado por doutores. Igor Martins / Global Imagens

Montagem dos 43 carros começou duas semanas antes do desfile. Esperadas cerca de 400 mil pessoas no centro da cidade.

Foi com algum suor e as mãos cheias de tinta que centenas de estudantes construíram os 43 carros alegóricos que hoje vão integrar, a partir das 14 horas, o cortejo da Queima das Fitas do Porto. Cerca de 300 alunos participaram na operação, que decorreu no centro de vacinação de Matosinhos, próximo do Queimódromo. Hoje à tarde, além da festa, os estudantes prometem levar para a rua o protesto social.

O carro do Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP) ganha asas e será um avião. A crítica social "é dupla", como explicou a finalista Inês Fernandes, envolvida nos preparativos: "Por um lado, simboliza a falta de investimento na educação e cultura em Portugal, em comparação com o investimento na TAP, por exemplo; por outro, é um alerta para que não nos cortem as asas e nos deixem voar".

Enquanto os finalistas vão em cima do carro, os caloiros vão em baixo, vestidos de pilotos. Quem o disse foi a caloira Francisca Barbosa, enquanto pintava uma das partes do avião: "É um trabalho conjunto para depois podermos festejar. No fundo, o avião representa a viagem que até aqui fizemos, em especial, a dos finalistas, que agora levantam voo para o futuro e o mercado de trabalho".

Inundações no ICBAS

As inundações frequentes no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) foram a inspiração para o tema escolhido pelos alunos da instituição: "À pesca de...". Os caloiros vão vestir o papel de pescadores com o objetivo de chamar a atenção para a falta de oportunidades e o impacto humano no ambiente. "Quando acabamos o curso, andamos à pesca de oportunidades. Queremos evitar ficar a remar sem sentido", explicou a caloira Beatriz Araújo.

Ao contrário do ISCAP, a construção do carro da Faculdade de Direito da Universidade do Porto (FDUP) é feita apenas por doutores, que este ano vão desfilar pelas ruas sob a mensagem "não nos cortem a moca".

Segundo a estudante Carolina Silva, o tema é inspirado nos últimos três anos, em que a maioria dos universitários não pôde usufruir de muitas atividades. "Mas também é sobre a dificuldade em entrar na Ordem dos Advogados, os inúmeros estágios não remunerados e a problemática da habitação, que tanto afeta os estudantes", completa Eduardo Vasconcelos.

43 carros alegóricos

Entre cartolas e bengalas, as cores da academia voltam a encher a Invicta na tarde de hoje com 43 carros alegóricos. Segundo a organização, esperam-se cerca de 400 mil pessoas no centro da cidade, entre alunos e público.

O trânsito vai estar condicionado em vários arruamentos da Baixa, entre as 10 e as 22 horas.

JN/Agências