Especial

Alice, o robô inteligente cada vez mais humano

Rui Lopes é o CEO e fundador da empresa que nasceu em 2016 em Braga Paulo Jorge Magalhães/Global Imagens

Da personagem Baymax, um robô cuidador pessoal de um filme de animação da Disney, nasceu a inspiração para que a startup portuguesa AgentifAI, especializada em inteligência artificial, pudesse conceber e operacionalizar a Alice, uma assistente remota criada para melhorar os serviços de apoio ao cliente, que se tem destacado nas áreas da saúde e da banca.

"O nosso primeiro propósito foi construir um sistema capaz de marcar uma consulta ou um exame através de linguagem natural. Demorou muitos anos até termos algo que nos permite fazê-lo de forma totalmente autónoma, como se estivéssemos cara a cara com um humano", explica ao JN o CEO e fundador da empresa, criada em 2016, que opera desde Braga.

Rui Lopes sublinha a ideia de que a interação com a Alice deve ser "absolutamente normal", evitando qualquer tipo de "discurso robotizado". "Por vezes, nota-se que existe algum trauma devido a más experiências passadas com este tipo de robô, o que faz com que as pessoas tenham tendência para começar a falar de forma mais pausada. Não precisam de o fazer, na verdade isso até complica", assegura o empresário.

A assistente desenvolvida pela tecnológica bracarense está presente, por exemplo, nos canais do grupo Lusíadas e da Caixa Geral de Depósitos, tendo também chegado, mais recentemente, ao BPI. Entre as várias valências que possui, o sistema, que já recebeu vários prémios, permite marcar consultas, fazer pagamentos ou realizar transferências através da voz.

"A tecnologia é agnóstica ao setor, mas preferimos especializar-nos nestas duas áreas [banca e saúde] porque percebemos que era importante ter um foco bem definido para sermos diferenciadores", realça Rui Lopes.

Com a solução consolidada, a AgentifAI pretende "acrescentar valor" àquilo que a Alice é capaz de fazer. "Em vez de o sistema assentar numa lógica reativa, em que responde àquilo que lhe é pedido, queremos que seja pró-ativo e antecipe as necessidades do cliente de forma personalizada", adianta Rui Lopes, partindo para um exemplo concreto.

"Quando o banco envia um cartão de débito ou de crédito a algum cliente, a Alice pode entrar em contacto com ele sugerindo desde logo que faça a ativação", explica o CEO da AgentifAI. Esse "acompanhamento de luxo" está neste momento a ser "trabalhado". "O nosso objetivo é que possamos em cada dia melhorar o que já temos de bom", garante o empresário.