O vento sopra forte. Tão forte que é difícil manter o equilíbrio junto às falésias do cabo de São Vicente, em Sagres, município de Vila do Bispo. Estamos na parte mais ocidental da Europa e esta é habitualmente uma zona de muito vento, embora quem conhece bem Sagres diga que "hoje até nem está muito vento".
Mesmo assim, quem se atreve a aproximar-se da ponta das falésias, fá-lo com bastante cuidado, não vá o diabo tecê-las.
É o caso de Mário Gonçalves, oriundo de Terragona (Espanha), que veio conhecer o barlavento algarvio na companhia da mulher, do cão e de um casal amigo. Aproxima-se o mais que pode, apalpando terreno, para tirar mais umas quantas fotografias. "Esta paisagem é impressionante", sublinha. No mar, avista-se um barco à vela e um de pesca, mas é também possível ver outro tipo de navios, que transitam entre o Mediterrâneo e a Europa.
Quem também ficou impressionada com a beleza da paisagem - mais do que a do próprio farol, inaugurado em 1894, por alturas do centenário do Infante D. Henrique - foi Milene Soares, oriunda de Santarém. "A paisagem é lindíssima, mas este vento forte nem deixa ver nada direito", queixa-se a jovem, de casaco vestido.
Seguindo em direcção ao centro de Sagres, encontra-mos a fortaleza, construída entre duas falésias escarpadas, constantemente batidas pelo vento. Outro dos pontos de paragem obrigatória para quem está de visita a região, mesmo não conhecendo a história associada ao monumento nacional. Como é o caso de Argiãe, 28 anos, natural de Bilbau (Espanha), que este ano decidiu passar três semanas de férias em Portugal com o namorado.
"Começámos pelo norte. Esta semana, estamos pelo Algarve", conta. Antes pararam na praia da Carrapateira, no vizinho município de Aljezur, mas acharam que "havia muita gente" e decidiram seguir para sul. "Parámos aqui por acaso", diz, à laia de despedida.
Se para a maioria, o vento é um grande incómodo, para quem pratica "landsailing" (qualquer coisa como "navegar em terra"), o vento é o grande aliado. James Dewhurst, um britânico de 46 anos, a viver em Sagres há seis, explora uma escola de "landsailing". O "landsailing" (inventado na Nova Zelândia em 2005) consiste num veículo tipo kart com uma vela, movendo-se ao sabor do vento. James garante que não é preciso força para manobrar o carro, mas sim "técnica" que, segundo ele, "se aprende em cinco minutos". Se ele o diz...