O chefe da organização paramilitar Wagner descreveu como "fantasias" os balanços das perdas ucranianas reivindicadas pela Rússia, que afirma ter repelido duas grandes ofensivas de Kiev em dois dias.
O Ministério da Defesa da Rússia afirmou ter repelido duas "ofensivas em grande escala" da Ucrânia, no domingo e na segunda-feira, na região ocupada de Donbass, no leste da Ucrânia, e ter matado "mais de 1500 soldados ucranianos" e destruído "28 tanques".
"São apenas fantasias", disse Yevgeny Prigozhin, numa mensagem publicada na plataforma Telegram.
Matar 1500 soldados num dia é "um grande massacre", disse o chefe de Wagner, troçando do porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.
"Na verdade, por que não somar todos os números dados por Konashenkov? Acho que já destruímos todo o planeta Terra cinco vezes", acrescentou.
A Ucrânia confirmou na segunda-feira estar a conduzir "ações ofensivas" em diversos setores da frente de combate e reivindicou avanços perto da devastada cidade de Bakhmut (leste), relativizando, porém, a escala dos ataques que Moscovo disse ter repelido.
As informações divulgadas pelas duas partes sobre o curso da guerra não podem ser verificadas de imediato por fontes independentes.
Desde há meses que Kiev prepara uma contraofensiva em larga escala para recuperar territórios controlados pelas forças russas e pelas milícias separatistas russófonas na região do Donbass. No entanto, as autoridades ucranianas preveniram que não vão divulgar os planos ou a data das operações.
Na segunda-feira, o chefe da Wagner disse ter detido um oficial russo cuja unidade terá atacado os seus homens, em mais uma indicação de tensões entre o grupo paramilitar armado e o exército regular da Rússia.
No sábado, Prigozhin acusou as forças de Moscovo de cederem território na região de Belgorod, que faz fronteira com a Ucrânia e tem sido alvo de intensos bombardeamentos e ataques terrestres nos últimos dias.
Disse ainda estar pronto para enviar as unidades do grupo Wagner para defender "territórios russos que estão de facto a ser conquistados".
Na sexta-feira, Prigozhin tinha garantido que 99% das tropas Wagner tinham abandonado Bakhmut, no leste da Ucrânia, entregando o território ao exército regular.
O grupo Wagner reivindicou a tomada da cidade de Bakhmut em 20 de maio.
A batalha por Bakhmut foi considerada a mais longa e sangrenta da guerra na Ucrânia, iniciada com a invasão russa em 24 de fevereiro de 2022.
O conflito mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).