“Cena 3.19 take 4. Acção”. Paulo Praça está em palco. Atrás, duas personagens animadas completam a cena. Vive-se entre a realidade e a ficção. “Corta. Está óptimo. Vamos repetir só mais uma vez”.
Junto ao monitor, o realizador, Henrique da Silva, revê todos os movimentos. Ao segundo dia de gravações, já com mais de uma hora de fita, o videoclip de “Um amor alheio”, o primeiro single do novo CD a solo de Paulo Praça, que será lançado a 11 de Outubro, começa a tomar forma.
O ambiente é animado. Paulo faz, sempre que possível, questão de filmar em Vila do Conde. Sente-se, diz, “em casa”. É a sua terra natal e foi ali que, ainda menino, deu os primeiros passos pela música. Por isso mesmo, o auditório do CCO, foi o local escolhido. Família e amigos misturam-se para dar vida às personagens e ajudar na rodagem. Em palco está uma equipa de 15 pessoas, entre técnicos de luz, som e câmara, actores e maquilhadora.
A ideia do vídeo é da Salao Coboi, de José Cardoso e Apolinário, e a realização da Riot Films.
“O tema central do vídeo, no fundo, é o espalhar do amor. É como se eu fosse o mensageiro do amor. Há duas personagens – Deus e o Diabo – que, durante o vídeo, vão fazer uma espécie de balanço entre o estar certo e o estar errado, mas a grande mensagem é que o amor será sempre mais forte. Essa luta interior que existe, entre a razão e o coração, por muito que seja uma luta renhida, só somos felizes, quando ganha o coração”, explicou, ao JN, ainda antes do início das gravações, Paulo Praça, desvendando um pouco da história do videoclip.
Depois de “Disco de cabeceira”, o músico prepara-se para lançar o seu segundo álbum a solo, um projecto sofrido, mas amadurecido, gravado ao sabor dos espaços livres na agenda do estrondoso sucesso “Amália Hoje”, que Praça divide com Sónia Tavares (The Gift) e Fernando Ribeiro (Moonspell).
“Este disco, ao contrário do primeiro, foi feito durante um ano, numa sessão por semana, mas isso fez melhorar largamente o lado artístico, porque tive uma distância que me permitiu agir e reagir sobre o disco”, continuou a contar Paulo Praça. O álbum é produzido pelos Bitch Boys (a dupla Paulo e Simão Praça), misturado na Valentim de Carvalho e masterizado, em Nova Iorque, por Andy VanDette. As letras são de valter hugo mãe, à excepção de duas do irmão Simão Praça e as músicas todas de Paulo.
A música depressa fica no ouvido e, no palco, entre “Acção!” e “Corta!”, as horas vão passando: corrige-se um pormenor, rectifica-se a maquilhagem, acertam-se as posições e volta a gravar.
“Já tínhamos trabalhado com outras bandas, mas nunca num projecto tão vasto”, explica José Cardoso, do Salao Coboi, o responsável por toda a imagem do álbum.
Por trás de tudo, desvenda, está o conceito do “dobro dos sentidos”. Em conta foram ainda tidas todas as influências em Paulo Praça do pop rock dos anos 60 e 70, entre os quais os Beatles. E mais? Só a partir de dia 11 de Outubro.