É a pacatez com que a vida decorre o que primeiro sobressai à chegada a Cacela Velha, no município de Vila Real de Santo António. Mesmo em Agosto, altura em que o número de visitantes aumenta consideravelmente. Depois, as casas caiadas e com pinceladas de azul e amarelo e, claro, a paisagem que rodeia a aldeia.
Da muralha da fortaleza (cujas primeiras referências datam do século X) avistam--se, à esquerda, a praia da Manta Rota e, à direita, a praia do Sítio da Fábrica (ler texto em baixo). Também a Ria Formosa e inúmeras embarcações, não fora a pesca e a salga outrora as actividades económicas por excelência.
Luís Casas, 65 anos, e Blanca Martin, 63 anos, um casal de Madrid (Espanha), está de visita pela primeira vez a Cacela Velha e não pára de se surpreender com a paisagem.
"É simplesmente deslumbrante", diz Luís Casas, de máquina fotográfica ao peito. Perguntam por que razão a Ria Formosa é uma reserva natural e espantam-se com a explicação. "Não sabíamos que tinha toda essa importância para as aves e a flora", refere Blanca.
O núcleo histórico desta aldeia piscatória é riquíssimo. Além da fortaleza (que fazia parte da defesa da fronteira contra Espanha e actualmente acolhe a Unidade de Controlo Costeiro da GNR), destaque para a Igreja de Nossa Senhora da Assunção, as Casas da Câmara, a cisterna, o bairro islâmico e a necrópole cristã, entre outros pontos de interesse.
Ramiro Rodriguez Iglese, 48 anos, veio de Lugo (Galiza) com os pais conhecer a costa portuguesa. Começaram há cerca de uma semana, no Norte, e chegaram já ao município de Vila Real de Santo António. Ramiro não pára de fotografar. "Cacela Velha é lindíssima e tem muitos pontos de interesse histórico", sublinha.
A mãe acrescenta que "as cidades são todas iguais, é só cimento" e, por isso, sempre que pode, visita "as pequenas vilas e aldeias que têm núcleos históricos". "Só é pena que não possamos visitar o interior da fortaleza", lamenta.
Por esta altura, Cacela Velha tem um motivo de interesse extra: o concurso de cataventos, moinhos de vento, caravelas e espanta-pássaros. Há para todos os gostos.