Quatro membros do Governo de Silvio Berlusconi, seguidores do seu ex-aliado Gianfranco Fini, demitiram-se, hoje, segunda-feira. As saídas não provocaram a demissão de Berlusconi. Nem a queda do Governo. Mas obrigam a uma estratégia para resistir no poder.
O partido de Fini, Futuro e Liberdade para a Itália, "registou as demissões" do ministro dos Assuntos europeus, Andrea Ronchi; do vice-ministro para o Desenvolvimento Económico, Adolfo Urso; e dos secretários de Estado da Agricultura, Antonio Buonfiglio, e do Ambiente, Roberto Menia, segundo um comunicado do partido.
Um quinto membro do Governo, Giuseppe Maria Reina, secretário de Estado das Infra-estruturas e Transportes, que pertence ao pequeno partido siciliano MPA, aliado de Fini, também apresentou a demissão.
Estes acontecimentos vêm agravar a crise política em Itália, mas a prova de força será travada no Parlamento. A oposição de centro-esquerda apresentou uma moção de censura na Câmara dos deputados, enquanto Berlusconi anunciou que apresentaria uma moção de confiança no Senado e, posteriormente, na Câmara.
Berlusconi apelou, entretanto, para que o Orçamento de Estado para 2011 seja aprovado "definitivamente" antes de qualquer votação das moção, o que deve tardar duas semanas.
Note-se que Berlusconi e o aliado Liga do Norte (partido de direita xenófobo) dispõem no Senado de uma maioria sólida, mas, na Câmara, o resultado da votação de moção de confiança dependerá inteiramente dos apoiantes de Fini, que poderão colocar o Governo em minoria. Fini, um neofascista arrependido formado em Psicologia e Jornalismo, chegou à Câmara de deputados graças à aliança que formou com Berlusconi.
Mas não tardou em retirar benefícios da sua posição institucional, ensaiando os primeiros passos para abandonar Berlusconi e preparar o caminho para enfrentá-lo. Agora, chegou o "dia D".